Ator e atriz de Romeu e Julieta processam estúdio no centenário de Franco Zeffirelli

Se estivesse vivo, o cineasta italiano Franco Zeffirelli teria completado 100 anos neste domingo, 12 de fevereiro de 2023. Morreu em 2019 aos 96 anos. Homem do cinema, do teatro e da ópera, Zeffirelli já tinha mais de 40 anos quando começou a se projetar internacionalmente.

Primeiro, ao filmar muito bem, em 1967, A Megera Domada, uma das comédias de Shakespeare. Ali, trabalhou com o casal Elizabeth Taylor/Richard Burton. Depois, no ano seguinte, com sua versão de Romeu e Julieta. O filme foi um sucesso absoluto. Levou multidões aos cinemas. Ofereceu a tragédia de Shakespeare como contraponto ao convulsionado ano de 1968.

O Romeu e Julieta de Zeffirelli tinha (tem) a virtude de ser, a um só tempo, uma adaptação bastante fiel ao texto original e um filme muito jovial. Do elenco (Leonard Whiting e Olivia Hussey tinham mais ou menos a idade dos personagens) à música de Nino Rota, tudo é encantador. Tudo é conduzido com absoluta maestria por Zeffirelli.

Filmar a vida de São Francisco de Assis foi seu projeto seguinte. Irmão Sol, Irmã Lua é um belo filme. Depois, realizou Jesus de Nazaré para a televisão. Robert Powell foi o Jesus de Zeffirelli. Uma década depois de Romeu e Julieta, Olivia Hussey foi Maria. A minissérie chegou aos cinemas dividida em duas partes.

A partir de O Campeão, há uma nítida queda de qualidade no cinema de Zeffirelli. Católico, anticomunista, homossexual assumido, viveu um grande amor com o diretor Luchino Visconti. Creio que ele será sempre lembrado, sobretudo, por seu Romeu e Julieta.

Não deixa de ser curioso que, no ano do centenário de Franco Zeffirelli, Olivia Hussey (de 71 anos) e Leonard Whiting (de 72), a atriz e o ator de Romeu e Julieta, estejam processando a Paramount. Acusam o estúdio de exploração sexual e distribuição de imagens de nudez na época em que eram adolescentes. Se ainda estivesse vivo, muito provavelmente teria sobrado para Zeffirelli.