SILVIO OSIAS
Com Rafa, foi amor à primeira vista
Publicado em 28/03/2023 às 7:45
O ano, 2009. Rafa era uma filhote de beagle com uns quatro meses quando a vi pela primeira vez no pet que havia junto à casa onde morei, no bairro do Miramar. Tomara banho e estava à espera dos tutores. Alisei suas orelhas aveludadas, e ela olhou para mim com aquela cara de pidona.
Mais tarde, sonhei que Rafa era minha e, no café da manhã, ao contar o sonho, fui repreendido por minha mulher: "Rafa tem dono!". Alguns dias depois, ao entrar no pet, descobri que os tutores não poderiam mais ficar com ela. Peguei a cadelinha nos braços e disse: "Rafa é minha!". O sonho se transformara em realidade.
Claro que ela não era minha. Eu que era dela. Por sua escolha. E foi assim por quase 14 anos. Rafa morreu nesta segunda-feira (27), a 13 dias do seu aniversário.
Rafa era a alfa, comandando uma matilha de cinco beagles. Os Beagles Amados, como foram chamados. Era calada, quieta, mas um grito (latido) seu bastava para que todos (dois machos) e todas (duas fêmeas) ficassem em silêncio, em sinal de total obediência às suas ordens.
Rafa era linda, gorda, meio esquisita, muito dorminhoca e louca por comida. Seu negócio era comer. Não havia limites. Para as visitas, conhecidas ou não, gostava de se exibir. Jogava-se no chão e mostrava a barriga, pedindo carinho. Não tinha quem não se encantasse.
Rafa não foi boa mãe. Teve 11 filhotes de uma só vez. Quatro nasceram mortos. Um morreu em seguida. Os sobreviventes imploravam pelo leite, mas ela fugia deles para não amamentá-los. Não demorou para que começasse a comer a ração dos próprio filhos.
Rafa. Gorda Rafa. Gorda. Dapi. Dapiti. Atendia tanto quando chamada pelo nome quanto pelos apelidos. Solidária com a dor dos humanos, corria para junto do "pai" ou da "mãe" tão logo percebia que algo estava errado. Viu a morte de cada integrante da matilha de beagles e passou a ter a companhia de um golden e um samoieda.
Viver com esses animais é sempre uma riquíssima experiência humana. Podem acreditar os que não experimentaram, e recomendo que o façam. Sem Rafa, não há mais os Beagles Amados. Com Rafa, foi amor à primeira vista. Com Rafa, foi amor até o fim.
Fecho com uma linda canção que fala do amor entre as pessoas e seus cães: Diana, de Toninho Horta.
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