Transposição do São Francisco no Cariri é um descaso a céu aberto

O Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco, na região de Monteiro, no Cariri, foi inaugurado desde 2017. Na época para assegurar o abastecimento de Campina Grande, que enfrentava uma crise hídrica histórica. Passados mais de seis anos, técnicos do Ministério Público Federal (MPF) chegam a uma conclusão estarrecedora: a execução da obra de esgotamento sanitário no loteamento Boa Vista, que fica próximo ao canal do Projeto de Integração, não foi iniciada.

Um acordo firmado há um ano não foi cumprido pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). Segundo o MPF, ainda há derramamento de esgoto in natura no leito do Rio Paraíba.

Conforme a Companhia, a rede coletora de esgoto da travessa Alfredo Silva, evitando que os efluentes das casas da região fossem lançados indevidamente na galeria pluvial, já foi executada.

A Cagepa esclareceu também, em reunião com o MPF, que removeu ligações clandestinas de esgoto no trecho da galeria pluvial compreendido entre o centro da cidade de Monteiro e o mercado municipal.

Já a prefeitura de Monteiro reconheceu que não está realizando os procedimentos de limpeza e desobstrução do canal de água pluvial situado nas proximidades do canal, como foi acordado no ano passado.

O município se comprometeu a iniciar, em até 15 dias, a limpeza do canal de forma periódica, enquanto a Cagepa se comprometeu a enviar documentação ao MPF comprovando o andamento do procedimento de contratação da empresa que realizará a obra no loteamento.

Não custa lembrar que essas obras complementares são fundamentais para garantir o bom funcionamento do projeto, que custou, aos cofres públicos, cerca de R$ 15 bilhões. Depois de anos, a não execução desses serviços é um completo absurdo. 

Além de provocar a continuidade do derramamento do esgoto, a inércia do poder público escancara o descaso com um projeto que prometia ser a redenção do Nordeste.