VIDA URBANA
Sem vendas no CCSV, dizem comerciantes
Sem movimento de clientes, ambulantes não estão conseguindo manter boxes onde trabalham no Centro de Comércio e Serviços do Varadouro.
Publicado em 25/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:20
No Centro de Comércio e Serviços do Varadouro (CCSV), nas proximidades do Terminal de Integração, os ambulantes reclamam da falta de clientes. O aposentado Arnaldo Coelho passou 10 anos vendendo roupas no meio da rua, mais precisamente na Padre Azevedo. Ele contou que apurava em média, por dia, R$ 200,00. “O movimento era muito bom”, disse. Em 2010 ele foi contemplado com um boxe no CCSV. Foi aí que as coisas começaram a mudar. Há dias que ele não atende um cliente sequer, não vende nada. “A situação aqui é muito complicada. A estrutura do shopping popular é boa, mas falta o principal que é o cliente”, afirmou.
O ambulante José Lopes também reclamou da localização. “É muito difícil alguém entrar aqui. Tem muito pai de família que está passando fome porque não consegue apurar nada, muitas vezes nem o dinheiro da passagem para voltar para casa”, frisou. A falta de estacionamento e a insegurança no local foram outros problemas elencados pelo ambulante. “Infelizmente estamos esquecidos”, destacou.
Dono de um boxe que vende relógios, Tássio Oliveira mostrou o carnê das prestações que paga mensalmente, no valor de R$ 59,15. Ele precisa arranjar dinheiro para pagar o aluguel de R$250,00 e sustentar os dois filhos pequenos. “É difícil, só não estou passando fome porque minha mulher trabalha e ajuda nas despesas”, afirmou. Ele lembrou com saudades do tempo que vendia relógios nas ruas do Centro. “Naquela época eu apurava R$200,00, R$300,00”, contou. Sem cliente, ele passa o tempo conversando com outros ambulantes do local. A obra custou R$ 2,2 milhões.
O movimento fraco no CCSV já 'expulsou' muitos comerciantes. Boa parte dos boxes está fechada; outros abandonados. Há relatos de ambulantes que retornaram às ruas para tentar sobreviver. “O prejuízo aqui é demais. Falta publicidade”, reclamou João Oliveira, que comercializa no local há 3 anos. Um boxe no CCSV pode ser comprado por R$ 1 mil, valor bem inferior ao custo de um boxe com tamanho semelhante no CCP, que custa R$ 30 mil.
CARÊNCIA DE DIVULGAÇÃO NO CPS
A insatisfação também se estende ao Centro Popular de Serviços (CPS), na rua Frutuoso Barbosa. Os comerciantes se queixam da falta de publicidade dos serviços oferecidos no local. “Não é difícil atender um cliente que entrou aqui por acaso”, disse Carlos Alberto Carvalho, que tem um boxe onde amola-se tesouras e alicates. “Se houvesse divulgação certamente o movimento ia melhorar, pois a localização é muito estratégica”, afirmou.
Já o comerciante José Gomes disse que o principal problema é a falta de manutenção do prédio, que nunca passou por reforma desde que foi inaugurado, em 2010. “As paredes estão sujas e o piso da rampa é muito liso, o que provoca quedas de clientes e funcionários. É preciso substitui-lo”, declarou.
A costureira Fátima dos Santos disse que sempre que precisa amolar as tesouras vai ao Centro Popular de Serviços. Mas nem sempre foi assim. “Quando o pessoal saiu das ruas fiquei sem saber onde procurar o serviço. Só tomei conhecimento através de uma amiga, que vinha aqui para amolar as tesouras e ajeitar calçados”, frisou a costureira, que disse não ter queixas sobre a estrutura do local.
O diretor de Serviços Urbanos Flávio Monteiro disse que a prefeitura também vai fazer intervenções no Centro Popular de Serviços. Dentre as mudanças que serão realizadas estão a substituição do piso da rampa e da cobertura, com o objetivo de dar mais comodidade aos comerciantes e clientes. Sobre a falta de propaganda do local, ele não comentou.
No shopping 4&400, na avenida B. Rohan, os ambulantes pedem mais atenção do Instituto de Previdência do Município (IPM), responsável pela administração do local. “Deveria ser um dos melhores, mas não é isso que acontece. Poucos clientes entram aqui porque falta propaganda por parte da prefeitura. O movimento só foi bom quando o shopping foi inaugurado, mas nos últimos anos a situação está péssima”, disse Edmilson Moura de Lima, que vende confecções no primeiro andar do shopping popular, que é administrado pelo Instituto de Previdência do Município de João Pessoa (IPM).
A reportagem tentou, por uma semana, falar com o superintendente do Instituto de Previdência do Município de João Pessoa, Pedro Alberto Coutinho, sobre as reclamações dos comerciantes do shopping 4&400, mas ele estava com o celular desligado e não foi localizado. A informação repassada pelo IPM foi de que nenhum outro servidor estava autorizado a dar informações sobre o shopping popular.
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