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VIDA URBANA

Paraíba tem 2,3 mil doentes renais e 400 na fila por transplante

Doença renal crônica pode atingir qualquer faixa etária. Especialista diz que prevenção e mudança de hábitos são as melhores formas de evitar o problema de saúde.

Publicado em 10/03/2016 às 11:35

Toda segunda, quarta e sexta a dona de casa Isabel da Silva, de 35 anos, sai de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, em direção à capital para fazer hemodiálise no Hospital São Vicente de Paula. Há 18 anos ela descobriu que tinha doença renal crônica e hoje ela se une a outros pelo menos 2.300 pacientes que possuem a enfermidade na Paraíba. Hoje é comemorado o Dia Mundial do Rim, que tem o objetivo de chamar a atenção da população quanto à necessidade de se prevenir de uma doença que pode atingir qualquer pessoa em qualquer faixa etária.

No caso de Isabel, muitas foram as dificuldades que surgiram após a descoberta da doença. Os estudos, que até hoje ela não concluiu, ficaram comprometidos. Trabalhar é algo impensável, porque nenhum chefe teria a flexibilidade para aceitar sua necessidade de saídas para o tratamento. Sua sorte hoje é a ajuda da prefeitura, que proporciona o transporte para vir a João Pessoa, e a oferta do tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ela, que já foi transplantada, mas seu organismo rejeitou o órgão, a vida não é fácil. “Eu espero conseguir um dia um transplante para prosseguir com minha vida. É muito difícil”, lamentou.

De acordo com a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, a médica Gyanna Lys Montenegro, estima-se que hoje no Brasil 1,2 a 1,5 milhão de brasileiros tenham a doença. Do total de pacientes renais crônicos, 70% descobrem o problema tardiamente. A doença renal crônica é decorrente de outras doenças, segundo Gyanna. “Os rins se tornam alvo da agressão causada por outras patologias. A hipertensão arterial (35%); a diabetes melitus (30%) e as doenças glomerulares (12%) são as principais causas”, disse.

Então a prevenção a essas doenças é o melhor caminho para evitar problemas renais. Isso pode ser feito com simples mudanças de hábito, segundo Gyanna. E eles não devem ser feitos somente por adultos. “Prevenção é o melhor remédio. Diminuir o sedentarismo, evitar o fumo, a ingestão de bebidas alcoólicas, aumentar a ingestão de água e evitar o uso indiscriminado de substâncias como antibióticos nefrotóxicos e anti-inflamatórios, são medidas saudáveis que vão prevenir as doenças renais”, destacou.

Além dos portadores dessas doenças, também seus familiares precisam estar atentos e realizar exames que possam detectar algum comprometimento renal. “Exames simples, que podem ser encaminhados pela atenção básica, como sumário de urina e a dosagem de creatinina, são valiosos para esse diagnóstico, sendo confirmado o comprometimento renal, o paciente deverá ser encaminhado a um serviço especializado de atendimento nefrológico”, disse.

Fila por transplante tem 400 pacientes

“Chegamos ao Dia Mundial do Rim, infelizmente, sem ter muito o que comemorar. Temos um número de pacientes que aumenta dia a dia, pacientes sempre desinformados sobre prevenção e possibilidade de transplantes e serviços que não se expandem com o passar dos anos”. Assim desabafou o presidente da Associação de Pacientes Renais e Transplantados do Estado da Paraíba, Carlos Roberto Lucas. Segundo ele, no Estado há máquinas de hemodiálise paradas e uma rede de transplantes que não funciona e não capta órgãos.

Ao todo, a Paraíba possui pelo menos 400 pacientes na fila de espera por um transplante, além de outros 2.300 em tratamento, segundo Carlos, que denunciou que somente na cidade de Campina Grande os transplantes estão sendo realizados. “E olhe lá. Esse ano foram realizados cinco ou seis transplantes, dos quais apenas um foi com captação e veio de fora do Estado. O transplante é a única esperança para um paciente desses e muita gente faz diálise há mais de 15 anos e nunca se inscreveu para ser transplantado porque não recebe orientação. Muitas dessas pessoas são analfabetas, não têm conhecimento. Então além de não colocar a fila para andar, o Estado ainda não informa essas pessoas”, disse.

O presidente da associação ainda destacou que os exames que eram oferecidos pelo Instituto Social de Assistência à Saúde (Isas) tiveram a pactuação rescindida pelo governo.

SAIBA MAIS

A Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa informou que, dependendo da necessidade do paciente, diversos tratamentos são oferecidos. Os principais deles são a diálise, hemodiálise e cirurgias para cálculo. Segundo a assessoria de comunicação da secretaria, o serviço é ofertado tanto na rede própria, como no Hospital Municipal Santa Isabel

O presidente da Associação de Pacientes Renais e Transplantados da PB informou que, pelo SUS, o tratamento para crônicos renais é oferecido em João Pessoa nos hospitais São Vicente de Paula e Amip; além das clínicas Nefrusa e Unirim. Na rede privada, ele é ofertado no Memorial São Francisco e Hospital Samaritano.

A Secretaria de Estado da Saúde foi procurada, mas informou que o tratamento é oferecido apenas pelos municípios.

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Jornal da Paraíba

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