SAÚDE
Paraíba tem 4 pessoas à espera por transplante de coração; entenda como funciona fila do SUS
Saiba quais critérios são levados em consideração.
Publicado em 22/08/2023 às 13:25
A Paraíba possui atualmente quatro pessoas que estão à espera de um coração novo e isso mesmo depois de seis transplantes já realizados no estado apenas em 2023. Elas são monitoradas de perto pela Central Estadual de Transplante, que funciona como um braço local do Sistema Nacional de Transplantes, mas a rigor todos eles compõem uma mesma lista única de transplante cardíaco gerida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de uma fila que atualmente possui 386 pessoas de todo o Brasil.
As dúvidas e curiosidades sobre o tema vieram à tona depois de divulgado que o apresentador Fausto Silva, o Faustão, entrou na fila de espera para um transplante cardíaco. E que, como qualquer outro brasileiro, independente de ser rico ou pobre, ele vai esperar as demandas oferecidas pelo SUS. Mas, afinal, como funciona tudo isso?
Na Paraíba, são duas as unidades aptas para realizar transplantes cardíacos. O Hospital Nossa Senhora das Neves, que é particular e fica em João Pessoa; e o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, que é público e está localizado em Santa Rita. Em ambos os casos, apesar da natureza diferente, o serviço é 100% custeado pelo SUS.
Chefe do Núcleo de Ações Estratégicas da Central de Transplantes da Paraíba, Eduardo Liberalino explica que para uma pessoa ser incluída nessa lista ela precisa passar pelo setor ambulatorial de algum desses dois hospitais. E o nome é incluído tão logo haja uma investigação médica que ateste clinicamente uma insuficiência cardíaca irreversível.
É um processo rígido, mas eficiente. E uma vez com o nome incluso na lista, o paciente passa a ser elegível para um coração. Órgãos como o coração, contudo, só são passíveis de serem doados no Brasil em caso de morte encefálica em que a família autorize a doação.
Trabalhamos diuturnamente para acompanhar as duas fases do processo. De um lado, os eventuais doadores. Do outro, as pessoas que podem receber um transplante de coração", pontua Eduardo Liberalino.
Apesar das pessoas costumarem falar em fila, no entanto, o termo mais adequado seria "lista", já que uma série de critérios são levados em consideração antes de definir quem vai receber cada um dos corações.
De acordo com Liberalino, inclusive, um dos principais critérios é a tipagem sanguínea, já que o receptor precisa necessariamente ter o sangue compatível com o do doador. Para além disso, é analisada a gravidade do caso do paciente que vai receber o coração, o tempo que ele está esperando pelo órgão, a sua situação física e a idade.
Quando a morte encefálica é declarada, a família precisa autorizar a doação. Autorizado, o órgão passa a estar disponível. A partir daí ele é ranqueado, levando em consideração todos os critérios, até se chegar ao receptor. São todos esses critérios que vão diminuir os riscos de rejeição", explica Eduardo.
Outro ponto analisado é a proximidade geográfica entre o doador e a pessoa cuja morte encefálica foi declarada. Isso porque, tal como explica Eduardo, o tempo entre a retirada do coração e o transplante não pode ser maior do que quatro horas. É o chamado "tempo de isquemia" do órgão a ser transplantado, o que impede viagens de grandes distâncias.
Assim, quando o órgão é retirado na Paraíba, pessoas do próprio estado são prioridade. E, na falta de compatibilidades, esse raio vai aumentando gradativamente. É muito por isso, aliás, que Pernambuco é o outro estado com maior intercâmbio com a Paraíba quando o assunto é transplante.
"Se a viagem for muito longa, o tempo de isquemia é desrespeitado e o transplante não acontece. Então a distância também é considerada", indica.
Por fim, ele diz que o tempo na lista é muito variável. E que isso está diretamente ligado ao número de pessoas dispostas a doar.
"Quanto mais doadores tivermos, menos tempo será a espera na fila", conclui.
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