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COTIDIANO

Caso Júlia: o que se sabe sobre a bebê morta a facadas pela mãe em João Pessoa

Após o crime, a mãe se entregou à polícia e confessou o crime, sendo presa por infanticídio em seguida. Mulher disse em depoimento que cometeu o crime após o pai da bebê pedir separação.

Publicado em 26/10/2023 às 19:43 | Atualizado em 27/10/2023 às 17:57


                                        
                                            Caso Júlia: o que se sabe sobre a bebê morta a facadas pela mãe em João Pessoa
Julia, de 1 ano, foi morta a facadas em João Pessoa; mãe se entregou à polícia após o crime (Foto: TV Cabo Branco/Reprodução)

A bebê Júlia, de 1 ano, foi morta a facadas dentro do berço pela mãe, na manhã desta quinta-feira (26), no bairro do Geisel, em João Pessoa. Após o crime, Eliane Nunes da Silva, de 27 anos, foi até a Central de Polícia e confessou o crime, sendo presa por infanticídio em seguida.

De acordo com informações da Polícia Civil em coletiva de imprensa, a morte da criança teria acontecido após uma discussão entre a Eliane e o pai da bebê, que terminou o relacionamento com a mulher horas antes do crime. Eliane afirmou ter cometido o crime motivada pela raiva que sentiu pelo companheiro ter terminado a união dos dois.

A criança de 1 ano, que em 14 de outubro completou aniversário, era filha única do casal.

Prisão em flagrante

De acordo com o delegado Diego Garcia, a mãe compareceu à Central de Polícia por volta das 11h, ensanguentada e com uma mochila nas costas. Após a confissão da suspeita, a polícia foi até a casa da família e a criança foi encontrada morta no berço, e ao lado do corpo estava a faca que teria sido usada no crime.

Em 12 anos de polícia, eu confesso que foi uma das cenas que mais me causaram repulsa pela quantidade de ferimentos nessa criança, em seu leito de dormir, que era um berço”, ressaltou o delegado Diego Garcia, que investiga o caso.

A mulher foi autuada em flagrante por infanticídio, enquadrado na categoria de crime hediondo.

Confissão do crime

De acordo com o delegado Bruno Germano, que recebeu a mulher na Central de Polícia, a mulher chegou no local com as mãos ensanguentadas e contou que havia esfaqueado a própria filha. "Isso causou surpresa a todos nós e logo determinei que detivessem a jovem e fossem até o local onde ela apontava que a bebê estava”, disse.

Ainda segundo o delegado, o crime aconteceu após uma discussão de Eliane com o pai da bebê, de quem estava em processo de separação.

Ela alegou que hoje de manhã teve uma confusão com o marido, e que ele disse que queria se separar, que a relação não estava dando mais certo. Ele teria dito que a criança ia ficar com ela, mas ele ia procurar a Justiça para detalhar a guarda compartilhada, ajuda financeira e sentimental para ficar com a filha”, contou o delegado

Bruno explicou ainda que após a discussão, o pai foi trabalhar, e em seguida ela cometeu o crime. “Ela alegou que, na cabeça dela, vinha percebendo que a família do marido queria tomar a criança e, em um surto, por esse motivo banal, golpeou a criança. Em seguida, ficou nervosa, viu a besteira enorme que fez e veio à nossa base para se entregar”, relatou.

Motivação do crime

De acordo com o delegado Diego Garcia, em depoimento à polícia, a mulher afirmou ter cometido o crime motivada pela raiva que sentiu pelo companheiro ter terminado o relacionamento do casal horas antes do crime ter acontecido.

O delegado informou que Eliane Nunes da Silva não aceitou o término entre os dois, e por isso ela matou a criança com golpes de faca, para “descontar a raiva que estava do marido” depois do fim do relacionamento.

Término do relacionamento


				
					Caso Júlia: o que se sabe sobre a bebê morta a facadas pela mãe em João Pessoa
Mensagens mostram término de relacionamento antes de mãe matar filha de 1 ano, em João Pessoa. (Foto: TV Cabo Branco/Reprodução). Mensagens mostram término de relacionamento antes de mãe matar filha de 1 ano, em João Pessoa. (Foto: TV Cabo Branco/Reprodução)

Em troca de mensagens entre o casal, na manhã desta quinta-feira (25), a qual a TV Cabo Branco teve acesso, o marido de Eliane terminou o relacionamento. Nas mensagens, o homem diz que “precisa de paz na vida” e que está “cansado de briga besta, do ciúme e de egoísmo”.

Em outro momento, ele diz que vai auxiliar financeiramente a mulher e a criança, enviando uma quantia em dinheiro todas as semanas. “Vou lhe mandar 200 [reais] por semana pra ajudar nas despesas. E pegar Julia [a filha do casal], de 2 em 2 semanas pra ficar comigo”, disse. O homem afirmou que iria entregar a chave do local onde moravam juntos para o pai de Eliane na sexta-feira (27).

Além disso, o pai da criança diz que queria terminar o relacionamento. “Acabou o amor com suas atitudes, melhor cada um seguir seu caminho. E vamos ser amigos”.

Por fim, ele ainda reforça na troca de mensagens que vai trabalhar para ajudar nas despesas com a criança e que tinha a intenção de vê-la periodicamente. Essas mensagens enviadas por ele aconteceram entre 7h02 e 7h50.

Em outras mensagens, que mostram o horário das 7h56 às 8h06, Eliane respondeu a ele pedindo para ele voltar para casa e que o relacionamento continuasse. “Desculpe, eu te amo, vou dividir tudo, vem aqui, lhe amo, não faça isso comigo, me perdoa”, diz a mulher nas mensagens.

Depois dessas mensagens, o homem bloqueou a mulher no aplicativo.

Investigação e perícia


				
					Caso Júlia: o que se sabe sobre a bebê morta a facadas pela mãe em João Pessoa
Coletiva de imprensa da Polícia Civil sobre a morte da bebê de 1 ano foi concedida na tarde desta quinta-feira (26). (Foto: Ana Beatriz Rocha). Coletiva de imprensa da Polícia Civil sobre a morte da bebê de 1 ano foi concedida na tarde desta quinta-feira (26). (Foto: Ana Beatriz Rocha)

Segundo o delegado Diego Garcia, somente a perícia que do Instituto de Polícia Científica (IPC) vai poder afirmar a quantidade de golpes de faca dados contra a criança. Além disso, o delegado também afirmou que Eliane Nunes da Silva pode passar por análise psicológica, para averiguar a sanidade mental.

Temos que ter muito cuidado com a palavra ‘surto’, porque às vezes uma pessoa de má fé usa justamente disso para se defender, ‘justificar’ o cometimento do crime. Então é preciso que laudos periciais, que provavelmente o IPC provavelmente vai trabalhar nesse sentido, se dedique a comprovar se essa mulher possui alguma deficiência mental que poderia levar a este crime, mas aparentemente, ao meu ver, a olho nu, não tem nenhum sinal de surto”, disse.

Outro ponto que vai ser analisado pela perícia é se a criança estava dormindo ou se estava acordada quando o crime aconteceu.

Velório e enterro

O corpo da criança foi liberado no fim da tarde desta quinta-feira (26). O velório que seria realizado ainda na noite desta quinta-feira (26) foi cancelado pela família.

O corpo da criança foi enterrado na manhã desta sexta-feira (27), em um cemitério particular, no bairro do José Américo, em João Pessoa.

Prisão mantida

Eliane Nunes da Silva teve a prisão mantida após realização de audiência de custódia no Fórum Criminal na manhã desta sexta-feira (27). 

Após a manutenção da prisão, a mulher foi encaminhada para o Centro de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão, em Mangabeira, na zona sul de João Pessoa.

O que diz a defesa

A defesa de Eliane Nunes da Silva afirmou que ela está arrependida do crime. Em nota, o advogado Jardiel Oliveira informou que “respeita os fundamentos da decisão proferida na audiência de custódia”, mas que irá recorrer. 

A Eliane Nunes se mostrou colaborativa com as investigações e, deixa claro, que está arrependida das ações”, diz defesa em nota. 

Apesar de afirmar o arrependimento da suspeita, o advogado não descarta a possibilidade de solicitar um exame para atestar a sanidade mental de Eliane. 

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Jornal da Paraíba

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