SILVIO OSIAS
Ryan O'Neal e Ali MacGraw. Pense num casal lindo!
Publicado em 11/12/2023 às 7:05 | Atualizado em 11/12/2023 às 9:13
Love Story é de 1970. Sou contemporâneo da estreia em João Pessoa, em 1972. Primeiro dia, primeira sessão no Cine Plaza. Sala cheia. Muita gente chorava no final. Todo mundo já sabe, não é mais spoiler: a mocinha pobre morria de leucemia, e o mocinho rico aparecia devastado naquele hospital.
A música de Francis Lai era linda. Piegas, muitos diziam, mas linda. O tema principal da trilha, claro, com suas variações que iam aparecendo ao longo do filme. Mas havia também uma pequena joia pop chamada Snow Frolic. E um pouco de Bach e Mozart.
Ray Milland, o imenso Ray Milland que a gente vira dirigido por Alfred Hitchcock em Disque M Para Matar e por Billy Wilder em Farrapo Humano, era Oliver Barrett III, pai de Oliver Barrett IV, o mocinho. John Marley, que logo a gente veria no papel do produtor de cinema de O Poderoso Chefão, era Phil Cavalleri, pai de Jennifer Cavalleri, a mocinha Jenny.
Oliver estuda Direito. Jenny, música. Os dois se conhecem na universidade e são arrastados por uma paixão avassaladora. Oliver é riquíssimo. Jenny é pobre. O pai de Oliver é contra a relação. O de Jenny, não.
"Amar é não ter jamais que pedir perdão". Os dois casam. Ela tenta engravidar, não consegue. Aí vem a leucemia, galopante, devastadora, que leva o filme para o desfecho trágico que o mundo inteiro conhece.
Eu tinha 13 anos quado vi Love Story. Era um menino impetuoso querendo ser crítico de cinema. A crítica baixou o pau no filme. Segui a crítica escrevendo no jornalzinho mural da escola. As garotas se aborreceram comigo: "Como é possível? Não gostou de Love Story?".
Interessante. Nelson Rodrigues, o gigante Nelson Rodrigues, ficou contra a crítica e, numa crônica brilhante, se colocou ao lado das pessoas que enfrentavam longas filas e iam chorar na sala escura. Nelson era o máximo!
Pior: numa daquelas revistas incríveis do Instituto Nacional do Cinema, houve um crítico, somente um, que defendeu Love Story da ira dos seus colegas. O filme de Arthur Hiller que botou Erich Segal na lista dos livros mais vendidos era bom, dizia o crítico usando seus argumentos.
Não revi mais Love Story. Acredito que, meio século depois, até gostaria. Às vezes ouço no streaming as músicas de Francis Lai. Andei revendo a cena de Snow Frolic.
E tem a beleza do casal Ryan O'Neal e Ali MacGraw, que encantou o mundo no início da década de 1970.
O'Neal, que ficou na memória dos cinéfilos por suas atuações em Essa Pequena É Uma Parada e Lua de Papel, ambos sob Peter Bogdanovich, e em BarryLyndon, de Stanley Kubrick. MacGraw, pela explosiva presença em Os Implacáveis, de Sam Peckinpah.
Na sexta-feira, oito de dezembro de 2023, Ryan O'Neal morreu aos 82 anos. Há mais de duas décadas, convivia com uma leucemia crônica. O câncer dele foi lento, mas o mesmo que matou Jenny, a personagem de Love Story.
THEME FROM LOVE STORY
SNOW FROLIC
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