OPINIÃO: olhar especial e compromisso com o Centro de João Pessoa precisam ultrapassar os limites de uma gestão

Ontem (13), o governador João Azevêdo (PSB), o prefeito Cícero Lucena (PP), o presidente da Câmara de vereadores, Dinho (Avante), outros parlamentares e secretários participaram do anúncio de medidas para ressuscitar o Centro de João Pessoa.

Muitos deles já tiveram em outros anúncios, com o mesmo objetivo e com algumas iniciativas parecidas, nas gestões estaduais e municipais anteriores.

As ações anunciadas avançam muito e podem se tornar mecanismos efetivos para mudar aquele cenário em médio e longo prazos. Veja a lista de ações neste link. Mas, primeiro, têm que sair do papel de maneira eficiente, integrada e, principalmente, permanente.

O olhar especial e compromisso com o Centro de João Pessoa precisam ultrapassar os limites de uma gestão, um governo. Não surtirão efeitos se quem chegar depois não entender que aquela área precisa ser tratada de maneira diferente porque ela é diferente.

Impostos, segurança, cultura, comércio, serviços. Há peculiaridades em cada área. Há necessidade de gestão diferenciada e aperfeiçoada, constantemente, em cada setor, com uma força-tarefa de órgão e sociedade civil ativa e com atuação permanente.

Não é algo simples porque esse tipo de união não é comum na cultura da governança pública, com participação social, no Brasil.

Dito isso, não há dúvida que a cidade deveria ter uma gestão específica para o Centro. Com delimitação territorial feita a partir de recorte histórico, cultural e social.

Aliás, é sempre bom lembrar que cada parte do Centro de João Pessoa tem uma realidade particular.

Levar o serviço público, reabitar prédios com moradores dispostos a cuidar e viver naquele local, diminuir impostos, reformar prédios, incentivar a recuperação com isenções são ações fundamentais, segundo especialistas.

Leia: Veja as medidas anunciadas pelo governo da Paraíba e prefeitura para ‘ressuscitar’ o Centro de João Pessoa 

Mas só precisa ser cidadão (não especialista em espaço urbano) para constatar que o básico está sendo negligenciado há muito tempo pelos gestores. Não foi garantido e se não for, para ontem, ninguém vai aguentar ficar nem vai se animar para voltar.

Segurança, acessibilidade, transporte público

Falta segurança pública para andar pelas ruas e calçadas, para estacionar um carro, abrir uma loja, ir para uma atividade cultural e turistar.

Não há acessibilidade plena nas calçadas e praças. Falta transporte público pontual e regular, inclusive nos fins de semana. Falta sinalização, informações sobre a importância do patrimônio histórico cravado ali.

Sem falar que estacionar o carro é uma operação difícil. Tem ainda pontos de tráfico e prostituição. São problemas que estimulam a morte de qualquer bairro.

O anúncio de ontem é mais um sopro de esperança de quem ama essa cidade e o clima do Centro de João Pessoa para morar, visitar e passear.

Precisamos, no entanto, passar página. Resolver problemas óbvios que, entra ano e sai ano, integram os pacotes de ações para revitalizar a região.

Vamos torcer, acompanhar e cobrar... tomara que a gente para de andar para o lado e avance.

Movimento

Importante registrar que alguns vereadores da capital, antes dessa precupação dos últimos três meses, já faziam um movimento forte, com apresentação de sugestões para ajudar a resolver problemas de esvaziamento do Centro, como o Thiago Lucena. Destacou em vários momentos, por exemplo, a necessidade de incentivos fiscais para logistas e moradores e de levar centros de inovação para a região.

E e Odon Bezerra, quando pautava o debate, mesmo não sendo bom para o governo Cícero, do qual faz parte. Os dois concederam entrevistas à CBN e registraram a precupação.

Por fim, o presidente da Câmara, vereador Dinho, com poder e influência do cargo, puxou para si o debate e conseguiu pautar soluções que precisavam de acordos com o Executivo e apoio da opinião pública.

Um trabalho que só está no começo e que não tem fim.