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SAÚDE

PB tem aumento na taxa de mortalidade por Aids; infectologista vê ligação com a pandemia de Covid-19

O abandono ao tratamento e a falta de diagnóstico pode ter comprometido a saúde de pacientes de Aids na Paraíba. Estado registrou mais de 600 casos de infecção por HIV em 2022.

Publicado em 16/12/2023 às 15:21


                                        
                                            PB tem aumento na taxa de mortalidade por Aids; infectologista vê ligação com a pandemia de Covid-19
Terceiro paciente que recebeu transplante de células-tronco foi curado do HIV

A Paraíba registrou 164 mortes tendo o HIV ou Aids como causa básica no ano de 2022, sendo 37,8% maior que os 119 casos registrados em 2012. De acordo com o infectologista Fernando Chagas, diretor do Hospital Clementino Fraga, o aumento tem relação com a Covid-19, o abandono ao tratamento e a falta de diagnóstico. Os dados foram divulgados no novo Boletim Epidemiológico sobre HIV/Aids, através do Ministério da Saúde, neste mês de dezembro.

“O segundo grande pico da Covid-19 aconteceu em 2021, então muita gente não buscou o diagnóstico, muita gente abandonou o tratamento por conta do medo da Covid e acabou não se tratando ou não buscando o diagnóstico do HIV. Resultado, em 2022, essas pessoas já chegaram com o quadro avançado de HIV muitas vezes no hospital, o que se refletiu no aumento de mortes por HIV naquele ano, mas infelizmente as mortes continuam”, afirmou o médico.

As mortes refletiram no aumento de 13,5% no coeficiente de mortalidade por Aids na Paraíba, que passou de 3 para 3,4 óbitos por 100 mil habitantes. Entre as capitais do país, João Pessoa registrou 5,2 mortes para cada 100 mil habitantes em 2022, número maior que a taxa nacional. 

O levantamento do Ministério da Saúde também indica que foram notificados 43.403 casos de HIV em 2022 no Brasil, sendo 11.414 no Nordeste e 623 na Paraíba. A taxa de detecção na Paraíba é de 12,5 casos por 100 mil habitantes. Em João Pessoa, a detecção foi de 24,8 casos. 

A taxa de gestantes infectadas pelo HIV em João Pessoa é de 4,3 (casos por mil nascidos vivos). Segundo o Ministério de Saúde, o diagnóstico em gestantes é fundamental para que as medidas de prevenção possam ser aplicadas de forma eficaz e consigam evitar a transmissão. 

Qual a diferença entre o HIV e Aids?

De acordo com o Ministério da Saúde, a Aids é uma doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV. O vírus ataca o sistema imunológico, que é responsável por defender o organismo de doenças. A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, como hepatites virais, tuberculose e pneumonia. É quando atinge-se o estágio mais avançado da doença, a Aids. 

O médico Fernando Chagas explica que o HIV é uma condição silenciosa e que os sintomas se confundem com qualquer vírus respiratório. Segundo ele, o paciente pode ter febre, dor no corpo, aumento de linfonodos - principalmente na região do pescoço e abaixo da mandíbula.

“É tão inespecífico que a maioria das pessoas nem se toca sobre a possibilidade de ser HIV. O vírus fica silenciosamente destruindo a imunidade. Então muitas vezes a pessoa só começa a desconfiar que está com o vírus quando ela começa a ter, por exemplo, nas mulheres, corrimentos vaginais de repetição. Nos homens é a infecção urinária - que não é para dar em homem, geralmente tem que estar com a imunidade prejudicada - ou o crescimento da próstata”, explicou. 

A transmissão e a testagem 

O infectologista Fernando Chagas explica que o vírus está alojado no sangue, então ele é disseminado para as secreções da vagina ou sêmen e a transmissão acontece a partir da relação sexual.

“Quem recebe o sêmen acaba tendo mais chances de se contaminar. Por exemplo, a mulher que receber a ejaculação dentro da vagina com sêmen contaminado, ou o homem passivo na relação sexual. A via sexual oral é muito rara de acontecer. Mesmo com pessoas tendo algum ferimento na boca, a probabilidade de transmissão via oral é muito mais rara”, explica. 

O médico indica a testagem para toda pessoa com vida sexualmente ativa, considerando pelo menos um histórico de relação sexual sem camisinha ou em que a camisinha estourou. 

Fernando Chagas também explica que é possível detectar o vírus com 28 dias após a exposição sexual. Ele recomenda que o teste seja realizado dentro de pelo menos seis meses. 

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES/PB), o Hospital Clementino Fraga, localizado em João Pessoa, é referência em testagem e tratamento na Paraíba. 

Porém, a testagem para todos os tipos de ISTS (HIV/Aids, Sífilis, Hepatite B) é feita pela atenção primária, nas Unidades Básicas de Saúde, em todos os municípios. 

Um único comprimido

O médico também destaca que as mortes por HIV nunca deixaram de acontecer, mas diminuíram de forma significativa após o início dos antirretrovirais, a partir de 1996.

Quando surgiram os antirretrovirais, os pacientes chegavam a tomar 20 comprimidos, às vezes, 16 comprimidos de uma vez só. Hoje a gente já tem tratamento com um só comprimido, tendo duas substâncias dentro desse comprimido e ainda assim muito mais potente do que há 20 anos atrás. Então o tratamento evoluiu substancialmente e com menos efeitos adversos. ”, explica. 

Fernando Chagas explica que atualmente é raro que pacientes não se adaptem ao novo tratamento, o que não era uma realidade há 10 anos atrás. De acordo com ele, uma grande parcela dos pacientes abandonaram o tratamento porque não suportavam os efeitos adversos que as drogas traziam. 

O médico destaca que hoje os medicamentos são mais seguros e que a ciência está evoluindo para novos tratamentos. Segundo ele, existem testes de um medicamento

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Grace Vasconcelos

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