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SILVIO OSIAS

Lula festeja a vitória da democracia, mas, na vida real, há muito pouco o que comemorar

Publicado em 08/01/2024 às 8:55


                                        
                                            Lula festeja a vitória da democracia, mas, na vida real, há muito pouco o que comemorar
Foto: reprodução/Youtube Lula

No dia oito de janeiro de 2023, há um ano, dois cenários me eram postos. De um lado, havia os relatos de pessoas que, uma semana antes, estiveram em Brasília testemunhando a posse do presidente Lula. "É tudo paz e amor", ouvi de uma dessas testemunhas.

Do outro lado, havia, nas redes sociais, uma estranha movimentação de vozes da ultradireita bolsonarista. "Vai haver uma porcaria em Brasília" - ousei dizer durante o café da manhã daquele domingo.

Depois do almoço, vi o filme (1985) sobre o julgamento dos militares da ditadura argentina, tirei um cochilo e fui acordado pelo plantão da GloboNews. Paris está em chamas - sabem aquele filme dos anos 1960? Ainda que metaforicamente, dessa vez, era Brasília que estava em chamas.

Pois é. Como se costuma dizer, o resto é História. Nessa segunda-feira, oito de janeiro de 2024, faz um ano, e os que ficaram do lado da democracia e agiram pela sua preservação comemoram solenemente a vitória.

Se é que é possível, a um só tempo, acho importante e desimportante a comemoração. Sendo mais claro: importante porque não deixa de ser significativo que tenhamos uma data para, a partir da lembrança do mal, fixarmos que o que aconteceu foi o triunfo do bem.

Mas desimportante porque cabe perguntar: que democracia é essa nossa em que o presidente da República precisa convocar ministros e representantes dos demais poderes para uma solenidade que festeja o fato de que não houve um golpe de estado?

Bolsonaro foi defenestrado pelo voto popular e agora está inelegível por causa da sua conduta criminosa. Lula é o presidente, e a sua volta ao poder devolve ao país uma normalidade política que perdemos de 2019 a 2022, os anos em que Jair Bolsonaro foi o presidente da República. Bolsonaro fora, Lula dentro. Todos os dias, devemos reconhecer que isso faz bem ao Brasil.

Mas não tenhamos ilusões. Lula é refém do centrão, de Lira, dos militares. Lula parece não entender que tudo mudou em 20 anos, enquanto a banda progressista do seu governo joga pra arquibancada, porque, de concreto, muito pouco pode fazer.

Nesse oito de janeiro de 2024, as forças democráticas celebram a vitória da democracia. Essas forças, no entanto, estão longe do país em que os preços dos alimentos continuam altos, os miseráveis permanecem nos sinais pedindo dinheiro e comida e - mencionando algo de grande força simbólica - um padre é perseguido por ser genuinamente cristão.

Nossos avanços civilizatórios são lentos como os passos de uma tartaruga. Na vida real, há pouco a comemorar. Mas, mais tarde, ainda nessa segunda-feira, vão dizer que foi bonita a festa da democracia. E que, com instituições fortes, o Brasil está no caminho certo.

Imagem ilustrativa da imagem Lula festeja a vitória da democracia, mas, na vida real, há muito pouco o que comemorar

Silvio Osias

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