MEIO AMBIENTE
Racismo ambiental: minorias étnicas são mais afetadas em desastres?
Termo racismo ambiental foi utilizado pela ministra Anielle Franco, que atribuiu como causa das tragédias das chuvas no Rio de Janeiro.
Publicado em 15/01/2024 às 17:20
O termo "racismo ambiental" esteve em alta na internet, após a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, atribuir como causa das tragédias das chuvas no Rio de Janeiro. O JORNAL DA PARAÍBA conversou sobre o assunto com Mikaelle Farias, ativista pela justiça climática e transição energética justa.
Ela, que é ativista e militante em movimentos nacionais e internacionais como a Friday For Future, explica que o termo racismo ambiental surgiu na década de 1980 nos Estados Unidos. Envolve as desigualdades com relação aos riscos ambientais. Por exemplo, no caso das chuvas, as áreas de periferia, habitadas em sua maioria por pessoas pretas, pardas e indígenas, são as mais afetadas por desastres, pois geralmente são as que menos recebem investimentos em infra-estrutura.
“Se você para pra pensar, esses impactos, eles vão acontecer para todo mundo, mas não da mesma forma, ou seja, comunidades marginalizadas, as minorias étnicas, elas vão sofrer mais com as mudanças do clima, porque elas estão expostas à vulnerabilidade que outras comunidades, outros grupos, eles não estão”, comentou Mikaelle Farias.
Mikaelle Farias detalha que, por exemplo, muitas dessas comunidades marginalizadas não possuem sequer saneamento básico ou coleta de lixo adequada. Consequentemente, em épocas de fortes chuvas, são esses locais que irão apresentar maior incidência de alagamentos e desabamentos, vitimando seus moradores que, em sua maioria, fazem parte de minorias étnicas.
“Muitas vezes são em territórios que nem sequer tem saneamento básico, onde esses territórios não desfrutam dos direitos básicos que uma cidade deve ter e aí a gente parte pra falta de estrutura, de infraestrutura adequada que esses lugares muitas das vezes não têm, a falta de recursos e preparação também”.
A ativista atribui esse fator à política do negligenciamento. “Muitas políticas que existem hoje, seja setor multinível, um debate estadual ou federal, elas acabam favorecendo ou negligenciando essas comunidades, então, de forma que esses impactos podem se agravar cada vez mais. Isso tudo influencia como esses eventos climáticos vão atingir essas comunidades”.
Quem é Mikaelle Farias
Aos 22 anos, Mikaelle é graduanda em Engenharia de Energias Renováveis pela Universidade Federal da Paraíba. A jovem negra é ativista e militante em movimentos nacionais e internacionais como a Friday For Future. É uma das champions de mobilização da Secretaria Geral da ONU, dentro da Campanha de combate a desinformação “Verified For Climate”.
Sua área de trabalho é em justiça climática e transição energética justa. Trabalhou com a implantação de energia solar social dentro do programa Minha Casa Minha Vida e hoje lidera a diretoria de Governança Energética e Transição Justa da Palmares Laboratorio - Ação.
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