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CULTURA

Quem é Leandro Gomes de Barros, autor de poema que inspirou enredo da Imperatriz Leopoldinense

O escritor nasceu no Sertão paraibano e é referência em literatura de cordel. Para Drummond, ele é o "rei da Poesia do Sertão".

Publicado em 12/02/2024 às 19:38 | Atualizado em 14/02/2024 às 8:51


                                        
                                            Quem é Leandro Gomes de Barros, autor de poema que inspirou enredo da Imperatriz Leopoldinense
(Foto: Reprodução/TV Cabo Branco).

O escritor paraibano Leandro Gomes de Barros escreveu há mais de 100 anos o cordel que inspirou o enredo da atual campeã do Rio de Janeiro, a Imperatriz Leopoldinense, que desfilou neste domingo (11).

O enredo foi criado pelo carnavalesco Leandro Vieira, que se inspirou no folheto “O testamento da cigana Esmeralda". O artista disse ao g1 que a proposta dá continuidade ao seu interesse em “se debruçar sobre o Brasil e a obra de escritores populares que souberam dar contorno à imaginação de caráter fantástico como uma extraordinária vocação do povo brasileiro”. 

O título do enredo é “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda” e apresenta a história fictícia do encontro do testamento da cigana Bruges de Esmeralda, que deixa uma espécie de "manual" sobre interpretação dos sonhos, sorte, leitura das mãos e mais ensinamentos místicos.

O poema que inspirou o enredo possui domínio público e pode ser lido no portal do Ministério da Educação

Quem é Leandro Gomes de Barros

O paraibano Leandro Gomes de Barros nasceu em 1865, na Fazenda da Melancia, no município de Pombal, versão questionada por biógrafos. 

Ele é considerado o rei dos poetas populares do seu tempo. Para Drummond, ele foi o “o rei da Poesia do Sertão, e do Brasil em estado puro”. Já Ariano Suassuna definiu o escritor como “responsável por 80% da glória dos cantadores atuais”. 

Leandro possui uma grande importância na história da literatura em cordel e seu trabalho gráfico contribui para a difusão dos folhetins Brasil afora. Ele fazia todo o trabalho, desde a escrita dos versos à sua difusão, por isso era obrigado a viajar bastante para divulgar e vender seus poemas. 

Algumas de suas obras são ‘O príncipe e a fada’, ‘Martírios de Genoveva’, ‘A história da donzela Teodora’ e ‘Branca de Neve e o soldado guerreiro’. Cerca de 18 obras do escritor possuem domínio público e podem ser lidas no portal do Ministério da Educação

Os pesquisadores afirmam que o escritor morreu, em 1918, vítima da Grande Gripe. Porém, o biógrafo Gutemberg Pereira disse ao Jornal da Paraíba que teve acesso à certidão de óbito que comprova, na realidade, que ele foi vítima de um aneurisma e sofreu uma morte súbita

Gutemberg também questiona a versão em que aponta que o autor nasceu em Pombal. Segundo o pesquisador, o sítio em que Leandro nasceu é localizado nas proximidades de Pombal à época, mas a cidade ainda não era um município em 1965. Com a emancipação política do distrito de Paulista (PB) em 23 de dezembro de 1961, o sítio Melancias ficou incluído no perímetro municipal da nova cidade de Paulista. 

Dia do cordelista

O Dia do Cordelista é comemorado em 19 de novembro, data de nascimento de Leandro Gomes.

A cordelteca 

Em 2015, a Cordelteca Leandro Gomes de Barros foi inaugurada em Pombal, cidade vizinha ao município de Paulista. O projeto foi idealizado e é coordenado pela professora de literatura Ione Severo, que no início de sua vida letiva, nas escolas estaduais do interior paraibano, se deu conta do quanto os alunos não conheciam nem o cordel, nem a obra de seu conterrâneo L.G de Barros. 

A inauguração aconteceu na Feira de Cordel Leandro Gomes de Barros, também promovida pela professora, em comemoração aos 150 anos do poeta. 

Todo o acervo inicial foi doado pelos cordelistas de todos os estados nordestinos. Hoje dispõe de 1.100 itens para leitura e pesquisa, entre cordéis, livros e CDs. Por enquanto, a cordelteca ainda não tem sede própria, trata-se de um projeto itinerante de incentivo à leitura. 

Imagem

Grace Vasconcelos

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