POLÍTICA
'Quanto maior o grau de escolaridade, menor o número de filhos', avalia socióloga
Socióloga Evelynne Tamara explica que o controle da natalidade pode estar ligada à autonomia, independência feminina em relação aos próprios corpos e grau de escolaridade.
Publicado em 08/04/2024 às 9:57
Em 2022, na Paraíba, houve queda de 9,9% no número de nascidos vivos, em comparação a 2021, segundo as Estatísticas do Registro Civil, divulgadas pelo IBGE. Essa variação negativa foi a maior entre as unidades da federação e, por isso, ficou acima das médias do Brasil (-3,5%) e do Nordeste (-6,7%). De acordo com a socióloga Evelynne Tamara, a queda na natalidade está intimamente ligada ao âmbito intelectual. "Quanto maior o grau de escolaridade, menor o número de filhos", enfatiza.
O número de nascimentos passou de 54.834, em 2021, para 49.430 pessoas, sendo o quarto recuo consecutivo na Paraíba, tal qual verificado em níveis nacional e regional.
A socióloga Evelynne Tamara explica, em entrevista à TV Cabo Branco, que o controle da natalidade pode estar ligada ao grau de escolaridade, à autonomia e independência feminina em relação aos próprios corpos, com acesso e conhecimento maior em relação a contraceptivos e também maior consciência econômica. "Antes a população era concentrada na Zona Rural e não tínhamos autonomia do corpo feminino em relação ao controle da natalidade", detalha.
Hoje podemos enxergar de forma mais clara, mulheres autônomas, independentes e com poder sobre o planejamento familiar e métodos contraceptivos. "Mulheres tinham muitos filhos e famílias grandes porque era economicamente viável, era um país mais rural. No entanto, estamos cada vez mais urbanos", diz a socióloga.
Na prática, isso significa que as famílias vivem em espaços menores e precisam se preocupar com mais atenção aos acessos à saúde, educação, segurança, tempo de trabalho e, no caso das mulheres, muitas vezes a manutenção de uma jornada tripla de trabalho.
Divulgado em 2023, o Mapa do Ensino Superior apontou a Paraíba como o estado do Nordeste com a maior taxa de escolarização (19,6%) em 2021.
"As mulheres, diante do empoderamento, do controle da autonomia dos seus corpos, estão investimento na formação profissional. Se você estuda mais, você termina reproduzindo menos, porque você começa a ponderar todas as implicações. Nós temos, contrário a esse dado, o decréscimo do nascimento, o crescimento da profissionalização, da educação, que são dados positivos", reafirma a socióloga.
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