VIDA URBANA
Caminhada contra intolerância acontece na praia do Cabo Branco
Cerca de 200 pessoas ligadas ao movimento negro e às religiões afro saíram em caminhada contra a intolerância religiosa praticada no Estado e em defesa do direito da liberdade de culto.
Publicado em 08/11/2010 às 10:13
Felipe Gesteira
Especial para o Paraíba1
Um evento político, sem fins partidários, surpreendeu o público que foi à praia do Cabo Branco, em João Pessoa, neste domingo (7). Cerca de 200 pessoas ligadas ao movimento negro e às religiões afro saíram em caminhada contra a intolerância religiosa praticada no Estado e em defesa do direito da liberdade de culto.
Com o tema: “É direito de todos escolher e praticar sua religião”, os manifestantes saíram às 9h do Busto de Tamandaré e seguiram até a praça de Iemanjá. Um percurso de quase quatro quilômetros, que durou cerca de duas horas de caminhada. Durante todo o trajeto, os participantes entoaram cânticos de matriz afro e falaram da importância do respeito entre as religiões.
Seguindo a tendência de outros Estados, o movimento pioneiro na Paraíba teve uma motivação extra para o seu surgimento: o uso indiscriminado das religiões nas eleições deste ano. O que inicialmente foi usado como difamação na campanha, acabou servindo para incentivar a prática do racismo e da intolerância religiosa.
Intolerância nas eleições
No segundo turno das eleições para governador, o twitter oficial do comitê jovem do candidato José Maranhão (PMDB) divulgou o link de um vídeo que acusava o seu adversário, Ricardo Coutinho (PSB) de ser membro de religião afro, e que estes cultos eram ligadas ao demônio.
Dias depois, panfletos apócrifos foram espalhados em todo o Estado, reforçando a mesma tese, e usando ainda termos pejorativos, como ‘satanista’ e ‘macumbeiro’. Ainda durante o segundo turno, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu uma nota de repúdio contra as manifestações de intolerância religiosa e racismo praticados na Paraíba.
De acordo com o professor Antonio Novaes, titular do Programa de Pós-Gradação em Ciências das Religiões, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o movimento deu um grande passo na luta por um Estado laico.
“Hoje a comunidade de religiões de matriz africana e afro-indígena viveu um dia de grande importância, pois veio à rua protestar contra os recentes atos de intolerância religiosa vividos durante a campanha eleitoral. A caminhada pela orla é uma veemente forma de protesto de religiosos que convivem diariamente com a intolerância e o preconceito e exigem respeito a sua religião”, disse Novaes.
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