SILVIO OSIAS
Com Pereio, morre um dos grandes símbolos do cinema brasileiro
Publicado em 13/05/2024 às 6:31 | Atualizado em 13/05/2024 às 7:58
Paulo César Pereio morreu neste domingo, 12 de maio de 2024. Nascido em 1940 no Rio Grande do Sul, o ator tinha uma doença hepática grave. Estava com 83 anos.
Pereio morava no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, desde o início da pandemia. Foi opção, porque tinha apartamento em São Paulo e dinheiro que assegurava a sua sobrevivência.
Recentemente, foi visto em fotos com a amiga Marieta Severo, que foi visitá-lo no Retiro. Numa dessa fotos, aparece com a camisa do Fest Aruanda, que o homenageou anos atrás.
Paulo César Pereio era um gigante do cinema brasileiro. Começou no teatro, fez televisão, mas certamente foi o cinema que o popularizou. Atuou em mais de 60 filmes.
Quem viu filmes brasileiros dos anos 1960, 1970 e 1980, viu Pereio muitas vezes. Da pornochanchada aos filmes dirigidos por Ruy Guerra ou Glauber Rocha, Arnaldo Jabor, Cacá Diegues ou Hector Babenco.
Atuando, era um monstro. Na vida real, parecia tão arrogante e cajajeste quanto alguns dos personagens que interpretou. Mas era Pereio, personagem que criou para si próprio. Popular e marginal.
Aos 24 anos, em 1961, Pereio emprestou sua voz extraordinária à Cadeia da Legalidade que Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, montou para, na renúncia de Jânio, garantir a posse de Jango.
Aos 28 anos, em 1968, estava no Roda Viva que Zé Celso montou em São Paulo. O elenco foi espancado por um grupo de extema-direita. A estreia no cinema se deu quatro anos antes em Os Fuzis, de Ruy Guerra.
Era amigo de Nelson Rodrigues, que, escondido dos médicos, ia fumar em seu camarim. Foi o Patrício de Toda Nudez Será Castigada, dirigido por Jabor. Sob Jabor, também fez Eu Te Amo e Tudo Bem.
A morte de Paulo César Pereio pegou a gente de surpresa na tarde desse domingo dedicado às mães. A morte de Pereio, esse imenso ator, é a morte de um dos grandes símbolos do cinema brasileiro.
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