SILVIO OSIAS
A direita venceu. A esquerda perdeu
No primeiro turno, as forças conservadoras se sobrepuseram às progressistas.
Publicado em 07/10/2024 às 6:41
Na manhã deste domingo, seis de outubro de 2024, enquanto milhões de brasileiros votavam no primeiro turno das eleições municipais, a televisão mostrou ao vivo uma cena comovente: o presidente Lula recebendo os brasileiros repatriados do Líbano.
Algumas dezenas de homens, mulheres, crianças, jovens, adultos, velhos - os primeiros que o governo brasileiro foi buscar em Beirute num avião da Força Aérea. Gente retirada do horror da guerra ora promovida por Israel.
A presença de Lula no desembarque em São Paulo tem uma força simbólica. O abraço de Lula aos repatriados ali na pista do aeroporto faz pensar no presidente eleito em 2022 e também traz a lembrança do presidente anterior, Jair Bolsonaro.
Na noite deste domingo, seis de outubro de 2024, a direita venceu o primeiro turno das eleições. As forças conservadoras derrotaram as forças progressistas. A maioria do eleitorado não enxerga que Lula é diferente e melhor do que Bolsonaro.
A direita venceu. A esquerda perdeu. Esse é o grande recado que emerge das urnas no primeiro turno das eleições municipais de 2024.
Gilberto Kassab não tem mandato, mas o partido dele foi que fez o maior número de prefeituras. Depois do governador Tarcísio de Freitas, é Kassab, o cara do PSD, que manda em São Paulo, que articula as coisas no maior estado brasileiro.
Gilberto Kassab, 64 anos, tem um pé no governo do presidente Lula, e o outro no de Tarcísio de Freitas. O êxito dele pode ser tomado como símbolo do êxito da direita no primeiro turno das eleições municipais.
A expressiva vitória do PSD Brasil afora aponta para os caminhos que as forças conservadoras estão trilhando rumo a 2026. Não pode ser ignorada.
A presença de Pablo Marçal na disputa pela prefeitura de São Paulo é outro recado de 2024. Marçal foi derrotado nas urnas, mas o seu desempenho e o estrago que fez não são, ao contrário do que disse Marta Suplicy, página virada.
Para o bem da democracia, Pablo Marçal precisa ser retirado de cena, ou o Brasil poderá pagar muito caro. Até a direita - ou parte dela - já tem esse entendimento.
Restou Guilherme Boulos no segundo turno em São Paulo. Sua vitória - improvável, por enquanto - seria importante para o equilíbrio do jogo político. Mais provável, a reeleição do prefeito Ricardo Nunes será a confirmação do êxito da direita.
A direita está se preparando bem para 2026. A esquerda não está. A ausência do presidente Lula nas campanhas do primeiro turno aponta para o fato de que ele não quis sair como perdedor.
Está tudo mudando. Ou a esquerda compreende e se atualiza, ou perderá o jogo nas eleições presidenciais de 2026. O eleitor já deu o seu recado.
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