ECONOMIA
Preços das feiras livres atraem consumidores
Itens mais baratos, qualidade e a proximidade com o vendedor fidelizam consumidor.
Publicado em 30/08/2014 às 6:05 | Atualizado em 11/03/2024 às 12:12
É uma rotina religiosa. Antes de abrir sua pequena lanchonete, toda manhã de sexta-feira Margarida Antônia bate perna nos corredores do Mercado Central de João Pessoa para comprar frutas, verduras, ovos e outros produtos, tanto para o lar quanto para alimentar seus clientes. “Aqui é meu caminho. Eu moro aqui perto, então é mais rápido”, diz a pequena empresária.
Carnes e queijos, por outro lado, ela prefere comprar no supermercado. A busca por preços, qualidade, ou até mesmo um relacionamento próximo e espontâneo entre consumidores e vendedores no mercado popular faz com que o local fervilhe de gente, especialmente às sextas-feiras, que parece ser o dia preferido para as compras semanais. Os compradores abastecem a despensa para o fim de semana e garantem os itens utilizados quase que diariamente.
Mesmo as ruas úmidas e o acúmulo de restos de alimentos próximos aos estandes parecem ser uma alternativa não só aceitável, mas preferível à assepsia dos hipermercados. “Eu gasto aqui a metade do que eu gastaria comprando em outro lugar”, afirma a professora Niedja Araújo. Ela faz compras no Mercado Central duas vezes na semana, “sempre que falta”.
“A farinha aqui é R$ 2,50, no supermercado é R$ 3,50. O quilo do queijo mussarela custa R$ 15,00, e em outros lugares é R$ 25,00. Nos supermercados da Torre o quilo da ameixa é R$ 26,00, e aqui é R$ 19,00”, compara, em tempo de emendar junto ao vendedor: “não é para aumentar não”. A dona de casa Fátima Nascimento não vê tanta diferença no preço, mas valoriza a tradição e, sobretudo o atendimento. “Aqui é melhor, o pessoal é mais velho. Os jovens que gostam mais de supermercados. Eu compro frutas e verduras sempre no mesmo vendedor”, conta.
Dependendo do produto, o preço faz muita diferença. De acordo com a última pesquisa de Hortifruti do Procon de João Pessoa, o preço do tomate varia 223,78% nos supermercados, chegando a custar R$ 5,99 o quilo em alguns estabelecimentos da capital. Já no Mercado Central, alguns vendedores comercializam o produto por até R$ 2,00 o quilo – com a vantagem de que a pesquisa de preços é mais fácil, uma vez que todos os vendedores estão concentrados no mesmo pavilhão.
ECONOMIA PODE CHEGAR A 50%
O consultor financeiro e especialista em gestão do varejo Cláudio Rocha não perde nenhuma quarta-feira, dia em que é realizada a tradicional feira de Jaguaribe: há 30 anos ele faz compras em feiras livres e garante que é mais vantajoso financeiramente. “Falo por experiência própria, não foi outra pessoa que me disse. Por alto, a economia que eu faço é de 50% nos hortifrutigranjeiros”, afirma. Ele reconhece que existem vantagens tanto na compra em supermercados quanto nas feiras.
“Os supermercados têm o fator conveniência. Muitas pessoas trabalham o dia inteiro e preferem fazer feira no final do dia.Além disso, eles aceitam outras formas de pagamento além de dinheiro, como cartão de crédito. Hoje é possível parcelar compras de alimentos”, explica. Por outro lado, ele destaca que a qualidade, proximidade dos fornecedores e possibilidade de negociação credenciam as feiras livres.
“As carnes vendidas em supermercados vêm de longe, do Mato Grosso do Sul, por exemplo, e são refrigeradas. Quando eu compro um quilo de carne na feira livre, eu sei que o boi foi morto de madrugada. As frutas também são bem mais frescas e típicas da região, como caju, carambola e jambo”, relata. O preço, é claro, pesa em favor das feiras na avaliação do consultor, embora a única forma de pagamento aceita seja o dinheiro vivo. “Compro um quilo de batatinha, tomate, cebola, tudo por R$ 1,50. No supermercado chega a R$ 3,60”, compara.
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