VIDA URBANA
Programa integra informações de detentos da Padrão em CG
Siscap foi idealizado pelos agentes penitenciários Egydio Ricardo e Adriano Cavalcanti em parceria com uma empresa de desenvolvimento.
Publicado em 28/05/2015 às 8:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 18:45
O assassinato de um detento, seguido de uma rebelião no presídio Raymundo Asfora (Serrotão), há cerca de 15 dias, em Campina Grande, culminou com um lastro de violência e medo por todos os cantos da cidade. Depois do incêndio de dois ônibus, a Polícia Civil confirmou que os crimes tiveram ligação com os detentos e as ordens teriam partido do interior da penitenciária. Na semana passada, quatro pessoas foram apresentadas como autoras de um dos delitos. Outros suspeitos já foram identificados, segundo a Polícia Civil, mas até agora não foram presos.
No rol dos envolvidos, constam duas mulheres que são esposas de detentos do Serrotão, além de um homem e um adolescente de 17 anos, os quais a polícia não confirmou vínculo com os presos. No entanto, essa ação de identificação dos suspeitos poderia ter sido mais rápida se o sistema penitenciário da Paraíba contasse com um software que está em operação apenas na Penitenciária Padrão de Campina Grande desde junho do ano passado.
O programa, denominado Siscap, foi idealizado pelos agentes penitenciários Egydio Ricardo e Adriano Cavalcanti em parceria com uma empresa de desenvolvimento de softwares da cidade. Através do programa é possível congregar e sintetizar todas as informações dos apenados de uma unidade, através de imagens, impressões digitais, sinais característicos, vínculos familiares e social, dentre outras informações, permitindo o compartilhamento atualizado e instantâneo das informações prisionais entre vários órgãos públicos, como as polícias e os órgãos jurídicos, o que dá mais segurança ao sistema penitenciário.
No caso dos atentados aos coletivos em Campina Grande, por exemplo, após a identificação dos mandantes da rebelião, o sistema coletaria todos os dados relacionados a eles, de onde a polícia poderia extrair informações instantâneas sobre a vida pregressa do apenado e vínculos, chegando rapidamente aos suspeitos. Ação que da forma tradicional, levou dias de investigação intensa por parte da equipe de inteligência da Polícia Civil.
“É um software específico para gerenciamento de sistema prisional que funciona como um banco de dados integrando todas as informações disponíveis sobre os presidiários. O programa está pronto e em pleno funcionamento, mas só funciona aqui (Penitenciária Padrão de Campina Grande), comentou um dos idealizadores do Siscap, Egydio Ricardo, afirmando o desejo da integração do programa nos demais presídios.
O equipamento relaciona ainda todas as peculiaridades dos presidiários, como doenças, tatuagens, cicatrizes, facilitando a identificação do indivíduo. Contudo, segundo o idealizador do programa, ainda não houve interesse por parte do governo em utilizar e implantar o sistema nas demais unidades prisionais do Estado, impedindo um melhor aperfeiçoamento para mediações de conflitos e diminuição da criminalidade. “Estamos aguardando a formalização do governo para ampliar a integração do sistema para outras unidades, porque isso exige custos, manutenção, servidores e segurança com as informações.”
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA procurou a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado para comentar a utilização do Siscap e questionar o motivo da Paraíba ainda não ter implantado um sistema com tal objetivo. No entanto, através da assessoria de imprensa, fomos informados que o secretário Wagner Dorta não iria se pronunciar sobre o assunto.
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