SAÚDE
Mais de 75% dos pacientes com hanseníase na PB apresentam sequelas da doença
Dado é referente ao ano de 2024, quando houve uma redução de novos casos na Paraíba. Médica alerta para o diagnóstico precoce.
Publicado em 19/01/2025 às 7:42
Em 2024, novos 416 casos de hanseníase foram registrados na Paraíba. De acordo com os números da Secretaria de Saúde, é uma redução em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 463 casos. O boletim epidemiológico revela, no entanto, que 321 desses casos novos tiveram sequelas relacionadas ao sistema nervoso.
Isso quer dizer que a cada 100 desses novos casos, 77 , ou mais de 75% dos pacientes, apresentaram algum grau de incapacidade física, uma escala que classifica os tipos e graus de prejuízo no desempenho ocupacional. A dermatologista Luciene Carvalho, explica que a presença dessas complicações da doença já apontam para a importância do diagnóstico precoce.
“Examinar o paciente e observar que ele tem grau de incapacidade física significa que o diagnóstico está sendo tardio, então esse paciente já está com a doença há muito tempo. Então o grau zero de incapacidade física é aquele paciente que está com a hanseníase, mas não tem nada que sugira que ele tem incapacidade. Grau um é quando ele já tem alteração de sensibilidade protetora ou alguma alteração na força muscular. O grau dois é quando a gente já vê, só de olhar, a gente já vê que ele tem alguma incapacidade física: cegueira, atrofia muscular, garra”, destaca a médica.
Dos outros casos, 45 foram informados como “não avaliados” e 50 permanecem sem informações (Ign/branco) no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
A hanseníase é uma doença lenta cujo tempo de incubação é longo: pode durar de dois a sete anos.
A médica chama atenção para a importância de quebrar a cadeia de transmissão e garantir que as pessoas que estejam em convívio com alguém infectado sejam examinadas. A recomendação é realizar a avaliação dos contatos uma vez ao ano por pelo menos cinco anos. Na Paraíba, em 2024, foram registrados 952 contatos de casos novos de hanseníase. Destes, foram examinados 75%.
Quais os sintomas da hanseníase?
A hanseníase afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, causando manchas esbranquiçadas, avermelhadas, nódulos e alterações na sensibilidade da pele, como dificuldade para sentir calor, frio, tato ou dor. Em alguns casos, pode ocorrer a forma neural pura, sem lesões na pele, mas com sintomas como formigamento, dormência nas mãos e pés, e perda de força muscular.
Ao perceber esses sintomas, é fundamental procurar um médico, que fará uma avaliação clínica e, se necessário, exames complementares para confirmar ou descartar o diagnóstico.
Ainda de acordo com o boletim, a doença continuou presente em 64 municípios da Paraíba tanto em 2023 quanto em 2024. Por isso, a incidência da hanseníase no estado é considerada alta. Em nível internacional, o Brasil foi considerado o segundo país do mundo com maior incidência de hanseníase.
A médica Luciene Carvalho, que atua no Hospital Clementino Fraga, unidade de referência estadual, falou sobre o combate à doença.
“Nós somos endêmicos, o que significa que a gente tem que estar sempre de olho, principalmente a estratégia de saúde da família, que é onde o paciente vai ter, teoricamente, a porta de entrada no serviço de saúde. Ela tem que estar sempre olhando, fazendo busca ativa, porque hanseníase é uma doença bem antiga, mas atual. Ela nunca deixou de existir. É uma doença que tem cura hoje, que a pessoa tratada, a pessoa fica curada, pelo menos mais de 98% dos pacientes. mas o primeiro passo é melhorar o acesso aos serviços de saúde e informar a população“, pontuou.
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