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SILVIO OSIAS

Vital Farias foi das guitarras dos Quatro Loucos à grande saga em defesa da Amazônia

Compositor de 82 anos nascido em Taperoá morreu nesta quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025.

Publicado em 07/02/2025 às 7:22


				
					Vital Farias foi das guitarras dos Quatro Loucos à grande saga em defesa da Amazônia
Foto/Reprodução/YouTube.

No momento da morte do compositor Vital Farias, me ocorrem duas lembranças muito remotas, entre a segunda metade da década de 1960 e a primeira da de 1970.

Na primeira, talvez em 1967, vi Vital Farias tocando guitarra no conjunto (ainda não usávamos banda) Os Quatro Loucos, o mais requisitado para os bailes da cidade.

40 anos mais tarde, Zé Ramalho me disse que, quando viu Vital tocando uma guitarra vermelha nos Quatro Loucos, decidiu prontamente: "É isso o que eu quero".

E, de fato, foi o que aconteceu. Vital Farias deixou Os Quatro Loucos e foi substituído por Zé Ramalho, que começava a despontar como compositor.

A segunda lembrança é de novembro de 1974. No adro da Igreja de São Francisco, centro histórico de João Pessoa, assisti ao I Encontro Artístico Espiritual da Paraíba.

Vital Farias foi um dos artistas que participaram do evento e, voz e violão, apresentou uma canção inédita, Veja (Margarida), com aquele verso premonitório: "Veja meu bem/Gasolina vai subir de preço".

Entre uma lembrança e outra, sei do Vital Farias que se notabilizou como professor de violão, instrumento sobre o qual tinha domínio excepcional.

João Pessoa ficou pequena para Vital Farias, e, como todos daquele tempo, lá se foi ele para o Sudeste. Nascido em 1943, estava no meio do caminho entre Geraldo Vandré, que é de 1935, e Zé Ramalho, que é de 1949.

Vital Farias nem pertenceu à era dos grandes festivais, como Geraldo Vandré, nem fez parte, como Zé Ramalho, do grupo de artistas nordestinos que conquistaram dimensão nacional no final da década de 1970.

Talvez isso explique, pelo menos parcialmente, porque obteve menos sucesso do que merecia e porque deixa uma discografia desproporcional ao seu talento.

Com o passar dos anos, o compositor de canções como Veja (Magarida) foi se tornando mais complexo e melhor. Posso estar enganado, mas vejo nisso uma influência muito positiva do seu contato com o mestre baiano Elomar Figueira Mello.

No início dos anos 1980, Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai foram, aliás, personagens de um projeto inesquecível: Cantoria, que lotou teatros por onde passou.

Eram quatro vozes, quatro violões e um punhado de canções antológicas. O resultado da Cantoria, felizmente, foi eternizado em dois álbuns gravados ao vivo pela Kuarup.

Ê Mãe, Bate com o Pé Xaxado, Caso Você Case, Pra Você Gostar de Mim, Nós Sofre Mas Nós Goza, Sete Cantigas Para Voar, Ai que Saudade de Ocê, Canção em Dois Tempos - tudo isso é Vital Farias. Na sua voz ou na de intérpretes como Elba Ramalho.

Uma música de Vital Farias? Escolheria Saga da Amazônia. Está em Sagas Brasileiras, álbum de 1982, e no primeiro volume da Cantoria, de 1984.

"Pra gente que tem memória, muita crença, muito amor/Pra defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta/Era uma vez uma floresta na linha do Equador".

Saga da Amazônia é uma perfeição. A melodia, a letra, o canto de Vital Farias, seu violão, a orquestração. E, 40 anos depois, permanece assustadoramente atual.

Foto/Reprodução/YouTube

Silvio Osias

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