CONVERSA POLÍTICA
Sob pressão bolsonarista, Motta diz que ataques de 8 de janeiro não configuram tentativa de golpe
Ele reconheceu, no entanto, a gravidade da depredação, mas disse que os atos foram "uma agressão às instituições" promovida por vândalos e baderneiros
Publicado em 07/02/2025 às 18:09 | Atualizado em 07/02/2025 às 18:30
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez um aceno e tanto ao bolsonaristas. Vem, aos poucos, cozinhando as esperanças desse grupo.
Nesta sexta-feira (7) disse que os atos de vandalismo contra as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, não configuraram uma tentativa de golpe de Estado.
Ele reconheceu, no entanto, a gravidade da depredação, mas disse que os atos foram "uma agressão às instituições" promovida por "vândalos e baderneiros", sem coordenação política suficiente para caracterizar um golpe. A fala foi em entrevista à rádio Arapuan.
"O que aconteceu não pode ser admitido novamente, foi uma agressão às instituições. Agora, querer dizer que foi um golpe… Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, e não teve isso", declarou.
Hugo, desde a posse, tenta andar sobre os "ovos da política" e com boa retórica evita conflito com os polos. Por enquanto, vai levando.
No caso do bolsonaristas, consegue agradar dizendo que vai levar o projeto da Anistia para o Colégio de Líderes e eles vão decidir. Também contestou a Lei da Ficha Limpa, que pode recolocar Bolsonaro no jogo eleitoral em 2026.
No dois casos, recorrendo aos líderes, parece querer lavar "as mãos" para o que pode acontecer.
Para os defensores do parlamento com superpoderes, sacou a proposta do semipresidencialismo, como alerta sobre a força que o Congresso ainda pode ter. Um plus do pós emendas impositivas bilionárias.
Para os governistas, diz que fará de tudo para ajudar na melhoria da economia, cobrando equilíbrio fiscal.
A tentativa de golpe
A declaração ocorre em meio à pressão de parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que a Câmara avance na proposta de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
A medida perdoaria todos os envolvidos em "manifestações" de caráter político e eleitoral entre 8 de janeiro de 2023 e a entrada em vigor da eventual lei, restringindo punições apenas a crimes de depredação de patrimônio público.
"Não posso chegar aqui e dizer que vou pautar a anistia semana que vem, ou não vamos pautar. Será um tema que vamos analisando, digerindo", afirmou.
Revisão da Lei da Ficha Limpa
Outro tema polêmico com que Motta evitou se comprometer foi a revisão da Lei da Ficha Limpa. O projeto em discussão na Câmara propõe reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade de políticos condenados por:
A mudança poderia beneficiar diretamente Bolsonaro, condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Atualmente, o ex-presidente está inelegível até 2030.
Embora tenha admitido que o tema está em evidência por causa das eleições de 2026, Motta disse que não há compromisso de priorizar a discussão.
"Se esse assunto [Lei da Ficha Limpa] for levado à Câmara, vamos tratar como qualquer outro projeto que chega à Casa. Vamos discutir com responsabilidade, dividir a decisão com o Colégio de Líderes, para ver se esse assunto deve ser priorizado ou não", afirmou.
O presidente da Câmara afirmou ainda que considera o atual prazo de inelegibilidade de oito anos "extenso", mas reforçou que não tomará decisões unilaterais sobre o tema.
"As pessoas que vão defender essa mudança na Lei da Ficha Limpa é que têm que levar os argumentos para o Colégio de Líderes e para a Casa. Tenho que tratar de forma regimental as pautas que irão me chegar", disse.
Com informações do g1
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