PLENO PODER
Hospital cobra R$ 33 milhões da prefeitura de Campina Grande; gestão nega dívida
Caso foi parar no MPF, que vai investigar os atrasos
Publicado em 20/03/2025 às 10:49 | Atualizado em 20/03/2025 às 12:30

A gestão da saúde pública de Campina Grande voltou a ser motivo de crise nos últimos dias. Desta vez o personagem principal foi o chanceler do Hospital filantrópico HELP, o empresário Dalton Gadelha, que afirmou que a prefeitura da cidade deve, atualmente, mais de R$ 33 milhões à unidade.
Os recursos seriam para custear o pagamento de consultas, exames, cirurgias eletivas e para o tratamento de pacientes com câncer e que fazem hemodiálise.
Aliado histórico do prefeito Bruno Cunha Lima (UB), Dalton endureceu o tom e disse que a Prefeitura "além de não nos pagar, não nos recebe".
O hospital recorreu ao Ministério Público Federal e pediu que os procuradores apurem a falta de repasse.
Secretário nega débito de R$ 33 milhões
Após a reclamação pública de Gadelha, o secretário de Saúde de Campina Grande, Dunga Júnior, falou sobre o tema. Ele garantiu que o débito não é de R$ 33 milhões. Segundo ele, a dívida da gestão hoje é de R$ 700 mil.
Dunga garantiu ainda que "o HELP atua por meio da Fundação Pedro Américo, e funciona como Rede Complementar do SUS, podendo receber recursos de emendas parlamentares e de produção hospitalar, ou seja, dos procedimentos executados pelo SUS. Para o recebimento dos valores, é necessário apresentar planos de ação, no caso das emendas parlamentares."
Help rebate PMCG e reitera dívida milionária
Em tréplica, a assessoria do Hospital Help divulgou uma nota extensa, reiterando a existência da dívida e afirmando o reconhecimento dela pelo próprio secretário através de um ofício (Ofício nº 040/2025/SMS/PMCG, de 21 de fevereiro de 2025).
Indo além, também foram apresentados detalhes sobre notícias de fato protocoladas junto ao Ministério Público da Paraíba (MPPB) e ao Ministério Público Federal (MPF).

No processo, o hospital solicita ao Ministério Público que recomende à Secretaria de Saúde de Campina Grande a formalização imediata dos contratos pendentes e a liberação dos valores devidos.
Caso a situação não seja solucionada, o hospital propõe a instauração de um inquérito civil para rastrear a destinação dos recursos por meio da técnica “follow the money”, além da possibilidade de ajuizamento de uma ação civil pública ou penal contra os responsáveis.
"Acaso se confirme eventual desvirtuamento, é possível que as autoridades envolvidas respondam por improbidade administrativa e, no âmbito criminal, por crimes contra a Administração Pública", diz a nota.
Sobre os R$ 700 mil apresentados por Dunga, a fundação afirma que os valores "referem-se a repasse de outros recursos anteriores ao protocolo da notícia de fato, quantia que não é objeto da dívida em discussão e que se trata de recursos efetivamente devidos ao hospital por serviços prestados à população carente de Campina Grande, logo uma obrigação do gestor local."
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Saúde tem sido gargalo para gestão
O momento da saúde de Campina Grande não é nada tranquilo. Há poucos dias o Conselho Municipal de Saúde emitiu uma nota denunciando atraso nos salários de servidores e falta de medicamentos em unidades de saúde da prefeitura.
O texto também relatou "precarização das condições de trabalho", apontando a escassez de materiais e insumos essenciais para o atendimento à população.
Texto: Pedro Pereira
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