BBB 25: quando um reality show dita o ritmo do consumo de informação no Brasil

O Big Brother Brasil não é só um programa de TV. É um fenômeno digital que invade os grupos de WhatsApp, pauta as timelines do Instagram TikTok, do X (ex-Twitter), Youtube etc., polui o WhatsApp e dispara buscas no Google e ativa uma verdadeira máquina de produção de conteúdo em tempo real.

A cada edição, o BBB mostra que não é preciso ser “cult” para dominar o noticiário — basta causar. E isso, ele sabe fazer como ninguém. A fórmula mistura narrativa, conflito, identificação e recompensa, exatamente como manda o manual do engajamento digital. O resultado? Um país inteiro consumindo informações em ritmo alucinado e viciante.

Desde a estreia da temporada 25, o Brasil voltou a viver aquele ciclo clássico: assistir à edição da noite, comentar nos stories, procurar os memes, acompanhar os cortes no YouTube, revisar o jogo com os analistas de plantão e, claro, tomar partido. O consumo de informação vira quase ininterrupto.

Como especialista em presença digital, eu vejo no BBB um laboratório vivo da lógica da atenção. O programa é um campo fértil para marcas, influenciadores e criadores de conteúdo entenderem como se constrói relevância, como se gera conversa e, principalmente, como se mantém o interesse de milhões de pessoas por meses.

Esse ano, a casa decorada com homenagens à TV Globo, o “Pipocômetro” com ex-BBBs como jurados, e a dinâmica das duplas ampliaram ainda mais o apelo visual e emocional do programa. Cada detalhe é pensado para gerar impacto, e o público responde: em curtidas, em views, em comentários, em compartilhamentos.

Mas é importante ir além do entretenimento. O BBB nos ensina sobre comportamento digital: como as pessoas se informam, se posicionam e constroem suas versões dos fatos a partir de cortes, trechos e manchetes. É o fenômeno da descontextualização acelerada — e ele se alimenta de programas assim.

Por isso, mais do que analisar quem sai ou fica, vale observar como o BBB molda o ecossistema da presença digital no Brasil. Ele é espelho, palco e motor de tendências. E no centro disso tudo está a atenção — o ativo mais disputado do nosso tempo.

*Jeoás Farias (Consultor digital e Jornalista)