Quadrilhas juninas já se preparam para o 'Maior São João do Mundo'

Ensaios, correria, concentração e ansiedade. Essa tem sido a rotina vivida por cerca de 350 componentes das 13 quadrilhas juninas de Campina Grande, que vivem nessa época do ano um cotidiano bem particular. Os dados são Associação de Quadrilhas Juninas de Campina Grande (Asquaju­CG) e mostram que faltado pouco mais de dois meses para o Maior São João do Mundo, os preparativos para as apresentações de 2015 já começaram a ser organizados. Apreensivos com a proximidade do evento, organizadores e dançarinos cuidam com carinho de cada detalhe para abrilhantar essa festa que é uma das mais expressivas manifestações culturais da cidade.

Na quadra da quadrilha Moleka 100 Vergonha do bairro das Malvinas, campeã do Festival de Quadrilhas de Campina Grande 2014, o clima de ansiedade para o São João desse ano já pode ser notado. Há 16 anos participando dos festejos juninos, o grupo que atualmente é composto por 120 dançarinos está ensaiando quatro horas por dia, nas quartas, sábados e domingos à noite. Segundo a direção, o tema da apresentação desse ano é ‘Os sete pecados capitais’ e a direção promete trazer muitos efeitos tecnológicos para o seu espetáculo.

Para o dançarino da Moleka, Duane Gonçalves, 24 anos, que participa de quadrilhas desde os 5, é importante ter disciplina e comprometimento nessa etapa para poder fazer bonito nos palcos, mas no momento da apresentação é a emoção que toma conta e faz toda a diferença. “A gente faz tudo dentro do arraial para defender as cores do grupo e dançar para o público. Mas ficar de frente para ele é um sentimento indescritível que só sabe quem participa”, ressaltou.

A euforia em se programar para fazer uma bela apresentação também é partilhada pelos 44 componentes da quadrilha Arraial em Paris, do bairro do Cuités, que no ano passado ficou em terceiro lugar no mesmo Festival. Segundo a rainha da quadrilha, Mylena Oliveira, 16 anos, e a dançarina Waléria da Silva, 13 anos, é com entusiasmo e alegria que elas se preparam para essa edição do evento. De acordo com a fundadora do Arraial em Paris, Marlene Lima, a quadrilha tem 25 anos de existência e nessa edição o tema da apresentação é “Chuva de Prata”, fazendo uma alusão a São José, o santo das chuvas e ao aniversário da quadrilha. Eles estão se reunindo nos finais de semana, à tarde e à noite para ensaiar.

Os organizadores das quadrilhas têm realizado bingos e eventos paralelos e recorrido aos patrocinadores para conseguir arrecadar recursos financeiros e investir na estrutura das suas equipes. De acordo com a (Asquaju­CG), no ano passado a Prefeitura de Campina Grande disponibilizou R$ 150 mil para esse seguimento e cada grupo recebeu R$ 11 mil. A quantia que vai der destinada para os quadrilheiros esse ano ainda não foi divulgada.

Aos poucos os preparativos para O Maior São João do Mundo começam a ganhar forma em Campina Grande. Restando pouco mais de dois messes para a chegada da festa que agita a cidade durante 30 dias, a coordenação do evento destaca que o objetivo desse ano é oferecer ao público uma festividade que resgate as tradições da cultura local. Esperada com ansiedade pelos forrozeiros, a festa, que em 2015 chega a sua 32a edição, homenageará o artista pernambucano Rosil Cavalcanti e será realizada do dia 5 de junho ao dia 5 de julho, com um investimento inicial de R$ 8 milhões, segundo informações da prefeitura.

“Estamos organizando uma festa estruturada em quatro grandes pilares: a abertura, as vésperas e os dias de Santo Antônio, São João e São Pedro. Nesses momentos vamos mesclar atrações nacionais, regionais e principalmente locais. Já contatamos a produção de Amazan, Nando Cordel, Elba Ramalho, Flávio José e outros artistas que tradicionalmente participam do evento. Também vamos contratar bandas de forró, só que em menor escala. Haverá a programação religiosa, mas ainda não foi confirmada nenhuma atração”, pontuou o coordenador da festa, Temi Cavalcanti.

O coordenador disse ainda que esse ano os cultos folclóricos, dentre eles as apresentações de quadrilhas irão dar mais destaque à festa.“A proposta é reunir todos os segmentos culturais da cidade, sobretudo aqueles que mais fazem parte da nossa região. Estamos com um projeto que vai deixar o espaço da Pirâmide mais atrativo e dinâmico para essas apresentações”, destacou.

A estrutura física do evento já começou a ser montada desde o último dia 20, no Parque do Povo, sede principal dos festejos juninos na cidade. Representantes dos órgãos de segurança se reuniram na última sexta­feira com os organizadores da festa para discutir a segurança do local.

Pretende­se instalar câmeras de monitoramento e reduzir o número de entradas para que a segurança seja intensificada. Este ano haverá sete entradas no Parque do Povo para controlar o fluxo dos forrozeiros. O próximo passo, segundo o coordenador, é fechar a grade de programação até o dia 10 de abril, para logo em seguida divulgá­la e angariar patrocínios. A o edital para o cadastramento dos comerciantes do local está previsto para ser lançado ainda essa semana.

Além do Parque do Povo, as pessoas contam com outras possibilidades de visitação durante o período Junino em Campina Grande. A Vila do Artesão, localizada no bairro do São José; o Sítio São João montado exclusivamente para essa época no Catolé e o passeio na Locomotiva Forrozeira, que sai da Estação Velha com destino ao distrito de Galante, são também alternativas para aproveitar O Maior São João do Mundo.

A Vila do Artesão, que funciona os 12 meses ano, preparou uma programação especial para junho com o intuito de atrair mais visitantes, segundo o diretor artístico cultural da vila, Erasmo Rafael. “Estarão disponíveis no espaço quatro trios de forrós por dia e haverá um concurso para eleger os três primeiros colocados. Vamos promover também apresentações diárias de quadrilhas da rede municipal de ensino e investir mais no ambiente cenográfico. Além da casa de taipa que já existe no local, será montada uma igreja e uma bodega com artigos de feira”, destacou.

O diretor disse ainda que será colocada uma catraca para contabilizar a quantidade de visitantes que passarão pelo local esse ano. A expectativa é superar o número de 2014, que foi de mil pessoas por dia. A vila conta com cerca de 300 artesãos que comercializam peças regionais. Ela fica aberta das 10h às 18h, mas em junho abrirá uma hora mais cedo e fechará uma hora mais tarde.

Já no Sítio São João, onde é feita a montagem cenográfica de um vilarejo rural dos séculos XIX e XX, o vereador João Dantas, que idealizou o projeto, disse que não haverá mudanças na estrutura nem na programação. A previsão é que o espaço seja aberto para visitação a partir do dia 30 de maio. Ele funciona de terça­feira a domingo das 10h até o início da noite.

Quanto ao passeio na Locomotiva Forrozeira, o coordenador Gustavo Marques informou que as vendas para o primeiro dia de passeio já estão quase esgotadas. Esse ano eles acontecerão nos dias 13, 14, 20, 21, 24 e 27 de junho. O trem conta com sete vagões com capacidade para mil pessoas. Cada um deles tem um trio de forró animando o trajeto. A saída é às 10h e a volta às 16h. O passeio dura uma hora e vinte minutos e está custando R$ 120,00.