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VIDA URBANA

Crimes assustam pela barbárie e violência assusta população da Paraíba

Sequência de ocorrências violentas e cruéis registradas no Estado tem deixado moradores temerosos, que reclamam da insegurança

Publicado em 28/06/2015 às 10:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 15:12

Antes conhecida pela tranquilidade, a Paraíba agora enfrenta uma fase crítica. A violência parece não ter limites, o que deixa até os gestores da Segurança Pública sem palavras. Muitos preferem silenciar diante dos últimos fatos ocorridos no Estado e até se recusam a conversr com jornalistas sobre o assunto. A população reclama de insegurança e se mostra frustrada diante da aparente inércia de quem poderia fazer alguma coisa, mudando leis ou aumentando o efetivo policial nas ruas. Enquanto isso, a Paraíba ganha destaque nacional por crimes bárbaros, que têm a crueldade contra as vítimas como elemento principal. A futilidade nos crimes também chama a atenção da polícia.
Nesses casos está o assassinato do corretor de imóveis e estudante universitário Higor Natan, 21 anos. Ele voltava para casa depois de um dia de trabalho, no bairro dos Bancários, na capital. A mãe tinha feito macarronada, o prato preferido do filho. Mas naquela noite de 8 de outubro de 2014, o desfecho foi trágico. Na porta de casa, o jovem foi surpreendido pelo homem que decidiu tirar-lhe a vida com quatro tiros. Ele morreu nos braços da mãe, que chegou a implorar ao homem que não matasse seu filho. O suspeito do crime foi preso dias depois e aguarda julgamento. A motivação para o homicídio teria sido um triângulo amoroso, segundo a polícia.
Outro caso que merece destaque pela futilidade e sinais de barbárie ocorreu na última terça-feira, em Guarabira, a 100 quilômetros de João Pessoa, onde um casal foi morto e esquartejado. O crime poderia impressionar simplesmente pelo fato de ser crime e afrontar os costumes morais da sociedade. Quando os policiais chegaram ao local do crime, uma casa simples no conjunto Lucas Porpino, quase não acreditavam no que viam. Na porta da casa, pedaços de corpo – braços, pernas e cabeças – jogadas ao chão, davam ao cenário ares de filmes de terror, os mais assustadores, claro. O cheiro de sangue incomodava quem estava por perto.
A resposta da polícia foi rápida. Menos de 6 horas após o duplo homicídio, um jovem de 23 anos foi preso suspeito de ter cometido a barbárie. A polícia acredita se tratar de latrocínio (roubo seguido de morte) porque foi feito um saque no valor de R$500 referente a um benefício social de uma das vítimas. Com o rapaz foi encontrada a quantia de R$ 300. Latrocínio, segundo o Código Penal, é considerado crime hediondo.
O crime, possivelmente, foi premeditado. Suspeito e vítimas passaram a noite bebendo em um bar da cidade. A noite foi de aparente harmonia, mas na verdade tudo fazia parte do plano do jovem em tirar a vida do casal e despistar a polícia de que ele poderia estar envolvido. A intenção dele era deixar as vítimas embriagadas para assim diminuir as chances de defesa. O plano parecia perfeito na mente do criminoso, que é conhecido na região de Guarabira por vender e consumir drogas.
De acordo com o delegado Wallber Virgolino, da 8ª Delegacia seccional da Polícia Civil da Paraíba, um crime é considerado bárbaro “quando é cometido por motivo fútil, torpe, covarde, com requintes de crueldade, força demasiada”. Alguns exemplos seriam esquartejamento, morte de criança, estupro, etc. Até para ele, que está na polícia há dez anos, a cena causou perplexidade, revolta e indignação. “O crime foi praticado por motivo fútil e torpe. Observamos muita maldade nesse caso”, declarou.

Estado de violência é contínuo na PB, diz pesquisador

O estado de barbárie que se observa nos últimos anos na Paraíba, e no Brasil como um todo, na verdade é uma continuidade do que sempre aconteceu, segundo explicou Gustavo Batista, professor do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB. “Acho que nunca saímos desse estado de barbárie. Sempre tivemos uma violência muito alta desde que o mundo é mundo, e ainda não conseguimos resolver o problema”, declarou.
Ele lembrou da violência que se estende ao longo dos séculos. Primeiro com os escravos. Depois veio a violência de gênero, que maltrata principalmente a mulher; a de raça, contra os negros; e a social, contra as categorias mais pobres da população. Segundo o professor, ao 'sair do morro' e 'atingir o asfalto' (ou seja – quando começa a atingir as classes média e alta), o debate sobre violência ganha destaque.
A mudança de realidade depende diretamente de dois fatores. Um deles é a mudança da política criminal no país e o outro se refere à efetivação de políticas públicas. Segundo Batista, o Brasil é o quarto país em número de pessoas encarceradas, ficando atrás apenas de Rússia, China e Estados Unidos (nessa ordem). “Em geral nós jogamos na cadeia os autores de crimes sem violência e sem grave ameaça à pessoa e deixamos de punir quem comete crimes como homicídios e latrocínios, por exemplo”, explicou.
Na avaliação do professor, quem comete crimes contra o patrimônio, roubo ou furto, deveria receber penas alternativas, para evitar a superlotação nas cadeias, onde deveriam ficar os autores dos crimes contra a vida. “Acredito que essa política deve ser implantada de imediato. É preciso lutar pela racionalização da política criminal no país”, afirmou.
Investir pesado em educação é outro fator essencial para sair do estado de barbárie. “O Brasil tem que melhorar os índices de escolarização, mas também melhorar as escolas, oferecer um salário digno ao professor e fortalecer a escola enquanto instituição”, declarou Batista. Segundo ele, enquanto a escola for alvo de bandidos – como aconteceu no mês passado em uma escola do Jardim Planalto, na capital, onde foi feito um 'arrastão' entre professores e alunos – será difícil mudar essa realidade. “A escola precisa difundir uma cultura de paz e agir como um centro iluminado em meio a tanta barbárie”, frisou.

Importante

A reportagem solicitou, por meio da assessoria de imprensa, uma entrevista com o secretário de Segurança e Defesa Social, Cláudio Lima, mas o pedido não foi atendido. O JORNAL DA PARAÍBA pediu ainda um posicionamento oficial da secretaria em relação aos últimos crimes registrados no Estado, mas não recebeu resposta.

Leia a reportagem completa na edição deste domingo do JORNAL DA PARAÍBA.

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Jornal da Paraíba

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