VIDA URBANA
Ninhos de tartarugas são alvo de vândalos
Cerca de 600 ovos e quatro ninhos já foram depredados; barracas que guardam material da ONG Guajiru também foram atacadas, segundo bióloga.
Publicado em 25/05/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 17:08
Os 137 ninhos de tartarugas marinhas, localizados na praia de Intermares, em Cabedelo, estão sofrendo ataques de vândalos.
Só neste mês já foram depredados quatro ninhos e roubados cerca de 600 ovos que estavam prestes a eclodir, segundo informações da Organização Não Governamental (Ong) Guajiru, que cuida da preservação do local.
Os ataques, que começaram a ser percebidos no último dia 9, têm características que intimidam a coordenadora da Ong, a bióloga Rita Mascarenhas. “Os roubos dos ovos sempre aconteceram, em menor volume, mas aconteciam, tiravam do ninho quando estavam em estágio inicial, com condições de serem consumidos. O que nos causa estranheza e até medo é que os ataques estão diferentes, eles não têm o intuito de apenas roubar, eles querem depredar os ninhos, pois os ovos não servem mais para o consumo, porque os animais já estão formados”, disse.
Após roubar os ovos, os vândalos quebraram a estrutura dos ninhos, espalharam lixo pela região e ainda atacaram as barracas que guardam os equipamentos da Ong. “Nós percebemos que há uma tentativa de nos intimidar, eles não querem somente roubar os ovos. Em um dos ninhos que roubaram, encheram os buracos de cacos de vidro, para ferir a mão de quem procurasse os ovos. Eles espalharam restos de lixo por todo local e ainda depredaram a barraca que guardamos nossos equipamentos”, relatou Rita Mascarenhas.
A bióloga confessou ainda que sente medo das próximas ações dos vândalos. “Ficamos assustados, afinal estamos cuidando de animais ameaçados de extinção e os ataques mostram que os responsáveis não têm a menor preocupação com a causa. Eles querem destruir os ovos e, ao que parece, têm vontade de nos afetar também”.
O secretário de Meio Ambiente de Cabedelo, Wálber Farias, explicou que há dificuldade em se fiscalizar a orla do município, tendo em vista a extensão do local. “São 15 km de praia, esses ataques são realizados no período noturno, não temos condições de mandar pessoal para fazer a fiscalização”, disse.
De acordo com o secretário, não existem projetos de fiscalização e guarda dos ovos de tartarugas na praia de Intermares.
“A incidência desses ataques está maior agora, por isso não elaboramos projetos para região. Nossa prioridade agora é conseguir uma sede para a ONG Guajiru, pois sabemos da importância dela para a região”, contou.
Após a demolição do Bar do Surfista, realizada no mês passado por determinação da Justiça Federal, a ONG Guajiru ficou sem sede. Atualmente, os equipamentos do grupo ficam embaixo de uma árvore de castanholas, localizada na praia de Intermares.
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