COTIDIANO
Envolvido na exploração de turmalina detalha esquema na PB
Ranieri Addário era sócio de empresa que realizava a exploração criminosa da pedra preciosa. Operação que desmontou esquema foi deflagrada há um ano.
Publicado em 27/05/2016 às 11:43
Um dos empresários envolvidos no esquema de extração ilegal de turmalina paraíba confirmou, após acordo de delação premiada, que a pedra preciosa era extraída ilegalmente no Estado. As informações foram divulgadas pelo Ministério Público Federal da Paraíba nesta sexta-feira (27) - data que completa um ano da deflagração da Operação Sete Chaves, que desmontou o esquema de exploração da turmalina paraibana nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e São Paulo.
Conforme o acordo de colaboração, Ranieri Addário aceitou a proposta do MPF de aplicação de pena mínima para os crimes cometidos, oque significa 7 anos e seis meses de prisão. Ele também ficará livre de quaisquer penas de multas.
De acordo com a delação de Ranieri, a produção da pedra preciosa atingiu o pico entre o final de 2013 e durante 2014. A extração era realizada pela empresa Parazul Mineração,da qual Ranieri é sócio. "No início de 2014, a Parazul produziu em torno de dez quilos da raríssima pedra", afirmou ele. "A mina da Parazul era guarnecida por seguranças armados, em regra policiais militares do Rio Grande do Norte", continuou. A empresa ficava localizada no distrito de São José da Batalha, no município de Salgadinho, na região do Cariri, na Paraíba.
Ranieri confirmou que os sócios e investidores da mina tinham pleno conhecimento de que a Parazul Mineração não possuía autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ou do Ministério de Minas e Energia para lavrar nem licença do órgão ambiental para efetuar a exploração. Relembre o papel de cada empresário no esquema de extração da pedra.
Em delação, Ranieri confirmou ainda que Sebastião Lourenço Ferreira, seu cunhado, é sócio de fato da empresa Parazul e também lavrou turmalina paraíba na mina. Addário deu detalhes do processo de venda de cotas da empresa: Sebastião Ferreira detém 20% das cotas da Parazul, dos quais 10% foram adquiridos da parcela pertencente ao sócio de Raniere Addário, Ubiratan Batista de Almeida, por U$S 250 mil. Os outros 10% foram adquiridos ao próprio Ranieri, por R$ 1 milhão mais o direito de resultado da mina pelo prazo de seis meses de exploração.
O afegão Zaheer Azizi, que ainda está foragido, era investidor da Parazul e sócio oculto da mineradora Terra Branca - empresa que recebia as pedras após a extração da Parazul -, e era o principal responsável pela venda da pedra para o exterior.
Conta em Hong Kong foi utilizada para transações
Addário informou ainda que possui uma conta em Hong Kong e que ela foi utilizada para negociar, em setembro de 2014, toda a venda da produção de turmalina paraíba para o investidor José Miranda Costa. Addário fechou um contrato de empréstimo com Miranda para obter um milhão e quinhentos mil dólares americanos. Na delação, Ranieri informou que Ubiratan Batista de Almeida, outro sócio da Parazul, também fez contrato idêntico com Costa, que passou a administrar a mina e teria exclusividade para a compra de toda a produção.
Segundo o delator, os valores recebidos pela exploração da pedra não eram declarados à Receita Federal. Ele acrescentou que, esporadicamente, a Parazul explorava tantalita mineral composto de ouro, nióbio e tântalo) e caulim, também sem licença.
Ranieri ainda contou sobre conversa que manteve com o sócio Ubiratan em que este lhe disse que teria que pagar propina a servidores públicos do DNPM, em Brasília, a fim de regularizar a área da empresa Parazul.
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