CULTURA
Traduzindo o intraduzível
Atriz Beth Goulart fala sobre livro que serviu de inspiração para a atmosfera de 'Simplesmente Eu, Clarice Lispector'.
Publicado em 23/11/2012 às 6:00
Uma esfinge de cabo a rabo, Clarice Lispector inicia o livro Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1969) com uma vírgula e termina com dois pontos.
A estrutura foi, segundo Beth Goulart, a inspiração para a atmosfera de Simplesmente Eu, Clarice Lispector, monólogo que a atriz e diretora apresenta hoje e manhã no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa, a partir das 21h.
"Eu queria dar ao público a impressão de que ele chegou ao teatro no momento em que algo já acontecera na vida de Clarice Lispector; saindo com a impressão de que algo, também, estava prestes a acontecer", afirma Beth Goular ao JORNAL DA PARAÍBA.
Na capital desde ontem, quando proferiu uma palestra no Zarinha Centro de Cultura, Goulart 'incorpora' a escritora em um espetáculo que tem quatro anos de temporada e já foi indicado ao Shell em 2009 pela iluminação concebida por Maneco Quinderé.
CLARICE FALA POR SI
"Todo o texto foi extraído de depoimentos, entrevistas e correspondências de Clarice", explica Beth Goulart. "Nestas correspondências ela revela muito dela e do seu processo criativo.
Fui criando a dramaturgia a partir disso e dos personagens que de alguma forma refletem a angústia e a dor da solidão em sua obra".
Popular, na posteridade, por seus 'aforismos', Clarice é exposta na peça densa e contraditória: "Eu não só trago para a peça esta densidade e esta contradição", prossegue a atriz, "como trago também o seu humor. Tudo isso está em cena, mostrado ao público para que ele entenda um pouquinho da personalidade dela. As pessoas não são uma só e Clarice não era uma só. Convivemos cotidianamente. Nos mudamos cotidianamente", reflete quem se 'transformou' em Clarice a partir do trabalho do visagista Westerley Dornellas.
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