VIDA URBANA
PF investiga desvio de R$ 2,5 mi na construção de hotel
Recursos eram para obras de apoio à Copa do Mundo. Mandados foram cumpridos em João Pessoa.
Publicado em 15/04/2014 às 13:47
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (15), uma operação que apura o desvio de aproximadamente R$ 2,5 milhões em recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) do Banco do Nordeste. O dinheiro deveria ter sido aplicado na construção de um hotel em João Pessoa, mas seu uso foi comprovado com notas fiscais falsas. Os recursos eram destinados para obras de apoio à Copa do Mundo.
A operação, intitulada de 'Gol Contra', cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em João Pessoa e outros três em Brasília.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Leonardo Paiva, dois empresários acessaram o financiamento de cerca de R$ 7 milhões em 2011, tendo direito a benefícios específicos para obras de apoio à Copa do Mundo, como juros baixos e prazo longo para pagamento. Mas o esquema foi identificado por uma fiscalização da Controladoria Geral da União (CGU), que observou as fraudes. “As notas fiscais eram reconhecidamente falsas, com erros grosseiros”, disse.
Como exemplo dos problemas já identificados, o delegado citou que o projeto do hotel previa a utilização de R$ 751 mil na compra de condicionadores de ar de alta tecnologia, mas apenas R$ 154 mil foram efetivamente aplicados. Na instalação destes equipamentos, foram gastos R$ 71 mil, quando o projeto previa R$ 510 mil. Também foi identificado um valor 30% superior ao preço praticado no mercado paraibano na compra do porcelanato, o que representou R$ 172 mil gastos sem comprovação correta.
A investigação começou no dia 26 de fevereiro e segue em segredo de justiça depois do cumprimento dos mandados de busca e apreensão desta terça-feira. O delegado ressaltou que os indícios de fraude são fortes e que, além dos dois empresários, também estão sendo investigados dois funcionários do Banco do Nordeste. Segundo Leonardo, o papel dos funcionários era liberar o financiamento e fiscalizar o correto uso dos recursos e eles podem ser responsabilizados “por ter havido, no mínimo, negligência”.
O delegado também relatou que o dono de uma empresa que teria prestado serviço na obra foi ouvido pela Polícia Federal e indicou que se tivesse recebido o valor que as notas supostamente falsas demonstram, não moraria na casa simples numa cidade satélite do Distrito Federal, onde foi localizado. “Ele diz que sequer veio a Paraíba”, destaca.
Um dos empresários suspeitos da fraude já é investigado por outras ações ilícitas. A Polícia Federal não divulgou o nome do hotel, mas informou que ele já está em operação na capital. “O próximo passo é analisar os documentos apreendidos para ver o caminho percorrido pelo recurso. Quem acessa um investimento desse é beneficiário e eles não agiram de forma condizente com o beneficiamento”, conta.
Procurada, a assessoria do BNB informou que não podia se pronunciar sobre o que está acontecendo no banco. A reportagem aguarda um posicionamento sobre o caso.
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