icon search
icon search
home icon Home > cotidiano > vida urbana
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

VIDA URBANA

Cursos de Medicina na PB atraem alunos

Qualidade dos cursos, acesso ao crédito estudantil e baixo custo de vida fazem com que estudantes procurem graduação na Paraíba

Publicado em 04/05/2014 às 16:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 12:38

O baiano Milson Rezende quer se formar em Medicina e seguir as especialidades de Pneumologia e Alergologia. Estudante do segundo período do curso da Faculdade de Medicina Nova Esperança (Famene), em João Pessoa, ele descreve os motivos que o levaram a atravessar mais de mil quilômetros para estudar em uma faculdade privada em João Pessoa: “os cursos na cidade têm renome fora do Estado. O custo de vida aqui é menor para alugar imóveis, tem menos trânsito e a população é receptiva”.

Ele é natural do município de Amargosa, cidade localizada em uma serra no centro-sul da Bahia, a 235km da capital Salvador. O baiano já tem um destino certo quando terminar os estudos e residência médica: “pretendo exercer a profissão na Paraíba, mesmo longe de casa e da família”.

Rezende é um entre vários estudantes que migram de outros Estados do Brasil para fazer o curso de Medicina na Paraíba. Atualmente, o Estado conta com sete faculdades destinadas à formação de médicos, sendo quatro particulares e três públicas federais – uma vinculada à UFPB e outras duas, em Campina Grande e Cajazeiras, à UFCG. Quanto às particulares, duas estão instaladas em João Pessoa, duas em Campina Grande e uma em Cajazeiras. “Para o nosso Estado, já está mais do que suficiente”, declara Dalton Gadelha, presidente da Facisa/FCM, de Campina Grande.

Nos últimos anos, o governo federal passou a oferecer benefícios que favorecem o acesso de alunos ao ensino superior, incluindo Medicina. O Programa Universidade Para Todos (Prouni) concede bolsas de estudo integrais ou parciais para os estudantes que quiserem usar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o ingresso.

Já o Fies dá a oportunidade de financiar total ou apenas uma parte do curso com taxa de juros de apenas 3,4% ao ano, de forma que o financiamento pode ser solicitado em qualquer período do curso.

Para obter o benefício, é necessário ter uma renda bruta familiar abaixo de 20 salários mínimos. No caso dos alunos que concluíram Medicina pelo programa, é possível abater até 1% do valor contratado prestando serviços à rede pública, como integrante de uma equipe de saúde da família. O Jornal da Paraíba entrou em contato com as quatro faculdades particulares que oferecem o curso de Medicina. As duas que responderam à reportagem informaram que disponibilizam vagas para estudantes oriundos do Prouni; em ambas, todas as vagas podem ser cobertas com financiamentos do Fies, desde que o candidato atenda às exigências do governo federal. Com isso, as escolas privadas de saúde se constituem como alternativas viáveis às federais.

“Hoje o MEC exige que o curso de Medicina já nasça com muita qualidade, com biblioteca, cursos, laboratórios, qualificação de professores e estrutura curricular atualizada. Por outro lado, são cursos onde você tem data para entrar e sair”, ressalta Gadelha, referindo-se às greves nas universidades públicas.

O Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento (Cesed), que abrange as escolas FCM, Facisa e Esac (Escola Superior de Aviação Civil), revela que 10% dos 3,7 mil estudantes de graduação (800 em Medicina) vêm de outros Estados – segundo Gadelha, a instituição conta com alunos de todas as unidades federativas. “A maioria destes vêm para fazer os cursos de Medicina, Ciências Aeronáuticas e Jogos Digitais”, informa a empresa, em nota. Já a Famene não revelou a quantidade, mas confirma que recebe estudantes de todo o Nordeste – Ceará, Bahia e Alagoas são os maiores exportadores. A faculdade oferece, por semestre, 80 vagas para o curso; já a Facisa/FCM disponibiliza 130 vagas por ano.

Para atrair estudantes de outros Estados, as instituições investem em publicidades através de diversas mídias – rádio, jornal, TV e Internet. “No último vestibular tivemos uma concorrência de 43 candidatos por vagas”, diz Gadelha. “Na hora de decidir fazer vestibular fora do Estado, o aluno leva em conta tanto o custo de vida da cidade – alimentação, moradia, transporte – quanto a qualidade do curso que ele procura”, conta.

MÉDIA DAS MENSALIDADES NA PB ESTÁ ENTRE AS MAIORES DO NE

Apesar de o custo de vida na Paraíba ser atrativo, as prestações não são as menores do Nordeste. Segundo levantamento feito pelo Jornal da Paraíba nos sites das faculdades, o preço médio das mensalidades dos cursos particulares de Medicina é de R$ 4,9 mil, o segundo maior do Nordeste – com valores que variam de R$ 4,3 mil a R$ 5,5 mil. Algumas escolas cobram valores menores para os alunos que estão ingressando, e dão descontos para pagamentos no início do mês.

No Ceará, os preços variam de R$ 3,4 mil a R$ 4,5 mil; na Bahia, há cursos que cobram R$ 2,9 mil por mês, mas a prestação chega a R$ 5,1 mil. No Nordeste, a parcela mais alta constatada é de uma faculdade no Maranhão, que custa R$ 6,3 mil, a terceira mais alta do país. A mensalidade mais alta do Brasil pertence a uma faculdade localizada no interior de São Paulo.

GRADUAÇÕES COM NOTAS 3 E 4

Em relação às notas atribuídas pelo Ministério da Educação (MEC), a Paraíba conta com duas instituições com nota 3 e uma com nota 4 – o máximo é 5: Famene (3), FCM/PB (3) e Facisa/FCM (4). O Índice Geral de Cursos (IGC) leva em conta as notas obtidas no Enade, corpo docente, infraestrutura e programa pedagógico. Alguns dados são resgatados do Censo da Educação Superior.

A avaliação mais recente dos cursos de Medicina foi feita na edição de 2013 do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), porém os resultados ainda não foram divulgados. A última avaliação dos cursos da área de saúde foi de 2010.

Abrir uma faculdade de Medicina requer não apenas a infraestrutura do espaço em si. A cidade deve ter uma estrutura hospitalar que permita aos estudantes atuarem no campo.

Para o diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, Eurípedes Sebastião, apesar de a distribuição de médicos ser desigual no Estado, algumas cidades não podem comportar uma instituição de ensino superior.

“Cajazeiras jamais poderia ter uma faculdade de Medicina, quanto mais duas”, critica. “A estrutura hospitalar não suporta, e isso compromete a parte de estágios. Em Cajazeiras trabalham no máximo 80 médicos, e Patos, que tem 120, não tem nenhuma faculdade de Medicina. Muitos estudantes acabam fazendo residência em Patos ou até em João Pessoa”, revela.

O curso de Medicina da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) no campus de Cajazeiras quase foi fechado pelo MEC há alguns anos justamente pela falta de aparelhamento do município. A cidade conseguiu ampliar o número de leitos de 50 para 150 e, em breve, deverá ganhar um Hospital Universitário com mais 200 leitos.

Além da UFCG, a cidade tem uma faculdade particular de Medicina, a Faculdade Santa Maria. No último certame da instituição privada, foram registrados 47 candidatos por vaga.
Para Sebastião, a Paraíba tem uma das piores distribuições de profissionais de Medicina do Brasil. São apenas 1,17 médicos por grupo de mil habitantes, enquanto a média nacional é de 2 por mil – e a meta do país é de chegar a 2,5 por mil.

“Temos cerca de 6 mil médicos, 60% deles moram em João Pessoa e 20% em Campina Grande. Ou seja, em algumas cidades na Paraíba não vive um médico sequer. É uma distorção muito grande”, afirma.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp