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CULTURA

'A Luneta do Tempo', filme dirigido por Alceu Valença, estreia na capital da PB

Artista pernambucano conversa com o JORNAL DA PARAÍBA sobre a produção do seu primeiro filme como diretor.

Publicado em 24/03/2016 às 8:35

“Isto é cinema!”, exclamou o diretor paraibano Walter Carvalho quando leu o que Alceu Valença estava produzindo, quando ambos estavam assistindo ao show do Cabruêra.

O resultado foi A Luneta do Tempo (Brasil, 2014), o primeiro longa-metragem dirigido pelo artista pernambucano que entra no circuito de João Pessoa com exclusividade na Rede Cinépolis (de Manaíra e Mangabeira Shopping), a partir desta quinta-feira.

Inclusive, voltando um pouco no tempo, Alceu conta ao JORNAL DA PARAÍBA que o próprio Walter queria codirigir ao seu lado, mas teve que se ausentar por conta da adaptação de Budapeste. “O Andrucha (Waddington) me encontrou em Campina Grande e adorou. Queria fazer comigo também, mas foi fazer o Casa de Areia”, relembra Valença.

Com as desistências, Alceu arregaçou as mangas e foi atrás de estudar cinema: teve aulas com a gaúcha Alessandra Lessa, que tinha estudado cinema em Los Angeles, nos Estados Unidos, e depois foi assistir uma penca de filmes de todas as partes do globo. “Queria fazer uma coisa minha mesmo. Não queria ficar parecido com ninguém. A melhor universidade é não ficar ligado em filme. Teu filme termina virando uma cópia”.

Dentre o monte de produções que assistiu, chamou a atenção de Alceu Valença as atuações de Hermila Guedes em Cinema, Aspirinas e Urubus, e de Irandhir Santos em O Baixio das Bestas. Ambos viraram Lampião e Maria Bonita em A Luneta do Tempo. A partir da história do casal no Sertão, o filme cria personagens fictícios que viverão amores e aventuras ao longo de três gerações num universo circense ao lado dessas lendas folclóricas, ao som de cordel. “Não é um filme sobre Lampião”, alerta. “É sobre os mitos do cangaço. Folhetos, violeiros, aboiadores, cordel, o circo mambembe... Tudo está presente no meu filme. Um realismo fantástico”. Com o alicerce do seu roteiro, Alceu fez toda a trilha sonora e os efeitos sonoros do longa-metragem. De acordo com Valença, ele gravou todos os diálogos dos personagens na sua voz para servir de base para os atores e oferecer o ritmo narrativo. “No fundo, é um musical, mas não é como um musical de Hollywood”. O elenco ainda conta com nomes como Roberto Lessa, Tito Lívio, Servílio de Holanda, Helder Vasconcelos, Ari de Arimateia, Charles Theony, Khrystal e o filho do realizador, Rafael Valença. O próprio diretor faz uma ponta como o palhaço Véio Quiabo. A Luneta do Tempo abriu a 9ª edição do Fest Aruanda, em João Pessoa, recebendo o prêmio de Melhor Trilha Sonora. PENSAR E DISPENSAR Em São Bento do Una, Agreste de Pernambuco, o pequeno Alceu Valença acompanhava o teatro de sombras feito pela sua mãe. “Na década de 1980, vivia acompanhado com uma câmera pra cima e pra baixo”, recorda. Quando jovem e “metido a intelectual”, começou a fumar e arranjava namoradas por o acharem parecido com o ator Jean-Paul Belmondo, um dos ícones do Nouvelle Vague. Depois de estrear como diretor, qual será o próximo filme de Alceu Valença? “Às vezes penso e têm horas que dispenso. Vou fazer isso até ter uma história que me envolva”.
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Jornal da Paraíba

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