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PLENO PODER

Mais de R$ 4 bilhões em benefícios foram pagos para mortos; Paraíba recebe alerta

Auditoria do TCU aponta falhas graves nos registros de óbito que alimentam fraudes e prejuízos bilionários aos cofres públicos

Publicado em 24/07/2025 às 10:35 | Atualizado em 24/07/2025 às 12:45


				
					Mais de R$ 4 bilhões em benefícios foram pagos para mortos; Paraíba recebe alerta
(Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)

O Tribunal de Contas da União (TCU) apresentou nessa quarta-feira (23) os resultados de uma fiscalização que escancarou falhas no controle de óbitos no Brasil. De acordo com o relatório, entre 2016 e 2025, foram pagos R$ 4,4 bilhões em salários e benefícios previdenciários e sociais a pessoas com indícios de falecimento.

A investigação se debruçou sobre o funcionamento do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc), base de dados usada pelo governo para confirmar nascimentos, casamentos e óbitos.

De acordo com o TCU, as falhas no sistema permitem que benefícios continuem sendo pagos mesmo após a morte, por falta de comunicação efetiva entre cartórios, o INSS e outros órgãos públicos.

Realidade da Paraíba

Na Paraíba, a auditoria do TCU revelou desafios específicos na gestão dos registros de óbitos no Sirc. Em 2024, o estado apresentou um tempo médio de envio de informações ao Sirc de 3,06 dias , o que, embora tenha melhorado em relação a anos anteriores , ainda está acima do prazo legal de um dia útil.

A fiscalização apurou que a Corregedoria de Justiça do Estado da Paraíba não aplicou nenhuma sanção a serventias por descumprimento do prazo de um dia útil para envio de informações no período fiscalizado.

O TCU destaca que as inconsistências nos dados do Sirc podem levar a pagamentos indevidos de benefícios previdenciários, sociais e salários. Isso porque a falta de informações completas e precisas, incluindo o CPF do falecido, dificulta a identificação e a interrupção desses pagamentos.

Pequenos municípios são os mais afetados

De acordo com o TCU, parte do problema ocorre em municípios pequenos e distantes de centros urbanos, onde há relatos de famílias que não chegam a procurar os cartórios para registrar o óbito formalmente — muitas vezes, o sepultamento acontece mesmo sem a emissão de certidão.

Outro entrave está nos próprios cartórios, que em alguns casos deixam de enviar os dados ao Sirc por dificuldades técnicas e operacionais, segundo a Associação dos Registradores das Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil).

Prejuízo continuado

Só em benefícios previdenciários, o TCU identificou R$ 2,47 bilhões pagos a 136,9 mil pessoas já falecidas. Na folha de pagamento da administração pública federal, foram identificados 1.109 servidores, aposentados ou pensionistas recebendo vencimentos mesmo após o óbito, totalizando R$ 217 milhões em pagamentos indevidos.

O Tribunal aponta que o problema não está apenas no passado. A cada mês, a União ainda paga R$ 28,5 milhões a pessoas que já constam como mortas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), mas que não foram devidamente incluídas no Sirc.

Risco ampliado pela falta de integração

A auditoria destaca que a falta de integração entre as bases de dados do Sirc, do SIM e da Receita Federal contribui para o risco contínuo de fraudes. Sem CPF, o cruzamento de informações se torna limitado e ineficiente.

O TCU recomenda maior fiscalização dos cartórios, atualização das normas de envio dos registros e integração urgente entre os sistemas federais, estaduais e municipais para interromper os pagamentos indevidos.

O ministro Bruno Dantas, ao comentar o relatório de auditoria, afirmou que há "um absoluto descontrole" sobre os bancos de dados de pessoas mortas no Brasil. "O Brasil pagou em 10 anos bilhões para pessoas mortas porque, como nação, fomos incapazes de integrar os nossos sistemas a tempo e a hora", disse. "Vai chegar um momento em que não teremos dinheiro para pagar os vivos", ponderou.

O Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc) foi instituído via decreto de 2014 e posteriormente substituído por decreto 2019. O Sirc tem como um dos objetivos o "apoio e otimização" do planejamento e a gestão de políticas públicas que demandem a utilização de dados.

Texto: Pedro Pereira

Imagem ilustrativa da imagem Mais de R$ 4 bilhões em benefícios foram pagos para mortos; Paraíba recebe alerta

João Paulo Medeiros

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