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VIDA URBANA

Falta de professores prejudica o ano letivo

Escolas da rede estadual ainda enfrentam carência de professores; Sintep-PB estima que o problema afeta 40% das escolas.

Publicado em 02/08/2014 às 6:00 | Atualizado em 04/03/2024 às 17:27

A quatro meses para o encerramento do ano letivo 2014, muitas escolas da rede estadual ainda enfrentam a carência de professores em várias disciplinas, sendo Física, Química, Matemática e Biologia as mais deficitárias, segundo a Associação dos Professores em Licenciatura Plena (APLP).

A realidade é mais presente no ensino médio, o que é ainda mais agravante, já que os estudantes estão na reta final de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba (Sintep-PB) estima que o problema afeta 40% do total de 837 escolas estaduais.

A Escola Olivina Olívia, no Centro de João Pessoa, é exemplo desse universo das unidades de ensino no Estado que sofrem com a falta de professores. As alunas Jaíne Ferreira, 18 anos, Luane Gomes, 17 anos, e Tayryne Souza, 17 anos, estão cursando o terceiro ano e relataram que no ano passado, ficaram sem aula de Sociologia, Matemática e Física durante quase todo o ano porque não tinha quem lecionasse as disciplinas.

“Isso foi péssimo porque estamos sofrendo as consequências nesse ano, o conteúdo que não foi visto no 2º ano, não foi reposto e hoje sentimos deficiências nessas disciplinas”, disse Tayryne Souza.

“Isso ainda acontece hoje em outras turmas, mas para nós que vamos fazer o Enem e pretendemos entrar na universidade somos ainda mais penalizadas. O ensino não é suficiente, sendo necessário assistir videoaulas e estudar em casa, além de fazer um cursinho preparatório por fora”, completou Jaíne Ferreira.

O diretor geral da escola, Antônio de Figueiredo, negou que a ausência de professor em determinas disciplinas durem muito tempo, mas admitiu que já houve faltas, porém estas foram solucionadas.

“Já ficamos sem professor de Sociologia nas três séries (1º, 2º e 3º anos), como de Biologia também, mas eles já foram substituídos. Atualmente, só estamos sem professor de Matemática porque o que dava aula precisou se afastar, no entanto a reposição de outro profissional já está sendo providenciada e em breve as aulas voltarão à normalidade”, afirmou.

De acordo com o presidente da Associação dos Professores em Licenciatura Plena (APLP), Francisco Fernandes, a carência de professores na rede estadual de ensino não é um problema novo, mas que tem como solução a valorização do profissional e recorrentes realizações de concurso público.

“Os aprovados e classificados no último concurso da Educação já foram nomeados, mas professores de outros Estados que foram convocados, depois de um tempo abandonaram o cargo por conta da baixa remuneração, pois não há um incentivo para a classe. Um aluno que entra na universidade não busca mais ser professor da rede estadual, parte logo para a rede particular, porque falta a valorização profissional. É preciso ter concursos todos os anos para suprir essas carências. É só questão de gestão, que precisa priorizar a educação”, declarou.

DISCIPLINAS

Francisco Fernandes disse que as disciplinas que mais sofrem com a falta de professores são Química, Física, Matemática e Biologia, “porque a licenciatura está em baixa, tanto o curso, como a oferta e a procura”. “Atualmente os cursos de licenciatura plena não são bem distribuídas nos campi universitários, somente as públicas os mantém. Há ainda o desvio de disciplina de professores, para tapar as brechas. O Estado carece ocupar as vagas de sala de aula com concurso, pois manter um prestador de serviço descaracteriza a qualidade do educador e mantém a ausência de professores. É um problema sério, sobretudo no ensino médio com alunos que se preparam para o Enem”, ressaltou.

PREJUÍZOS PARA OS ALUNOS

Para o diretor administrativo do Sindicato os Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba (Sintep-PB), Antônio Arruda das Neves, o problema acarreta grandes prejuízos para o alunado. “Esses estudantes ficam em desvantagem na concorrência com aqueles da rede privada de ensino no Enem e em vestibulares, sem contar com a própria formação educacional que fica comprometida”, avaliou.

O QUE DIZ A SEE

A titular da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Márcia Lucena, disse que não há registros de nenhuma falta de professores na sala de aula, mas admitiu que montar o bloco de aulas é um grande desafio para qualquer escola e que essa não é uma particularidade da Paraíba.

“Momentaneamente se falta, porque é um ajuste da rede. Mas nós não temos falta de professores em sala de aula. O que temos são algumas adaptações, no caso da matemática, física e química, por exemplo, mas isso também não é só no nosso Estado, isso ocorre em todos. Poucos alunos se formam em licenciatura, a exemplo do curso de matemática, que no último semestre, apenas três alunos concluíram o curso. Como é que com três professores formados em matemática, nós vamos atender a rede? Temos que chamar professores de disciplinas afins para poder cumprir com esse desafio”, afirmou.

Márcia Lucena frisou que a SEE tem ações em conjunto com o governo federal para dar uma segunda formação aos professores, de forma intensa, junto ao Fórum de Formação Estadual. “Isso porque temos na rede professores que ensinam matemática há 20 anos, mas que são formados em física, por exemplo. Então, estamos estimulando esses professores a fazerem sua segunda formação e assim adequá-la em sala de aula”, pontuou.

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Jornal da Paraíba

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