Série 'Desempregadas' mostra a força da mulher paraibana em uma João Pessoa cada vez mais urbana

A produção audiovisual paraibana deu um passo importante com o lançamento da série ' Desempregadas, primeira série longa-metragem de aventura do estado. A exibição aconteceu na sexta-feira (26), em um evento no Cinépolis, do Manaíra Shopping João Pessoa, com a presença da equipe por trás da obra.

A exibição foi fechada para a imprensa, convidados e alunos da rede pública estadual. O JORNAL DA PARAÍBA esteve presente e pode assistir a obra, dividida em quatro episódios reunidos em formato de longa.

“Desempregadas”, do diretor Aleksander Aragão, aposta em uma mistura de ação e comédia para narrar a trajetória de quatro mulheres demitidas de forma injusta, que decidem se vingar do chefe corrupto, mas acabam envolvidas em uma situação maior do que imaginavam.

O enredo acompanha Ana, Ramona, Paula e Zélia, personagens de origens distintas que, ao longo da trama, descobrem talentos ocultos e um novo propósito. Embora o roteiro apresente algumas falhas de ritmo, o carisma das protagonistas fala mais alto e cativa o espectador do início ao fim.

Juciene Fernandes, como Zélia, entrega uma interpretação marcante da mulher trabalhadora paraibana, cuja vida é atravessada por sacrifícios e que muitas vezes esquece de si para cuidar dos seus. Camilla Campos, no papel de Ramona, constrói uma figura de atitude e presença, que lembra muitas mulheres que se dividem entre estudos e até mais de uma profissão para poder conquistar os seus sonhos.

Já Juliana Moreira (Paula) e Futura Leonardo (Ana) apresentam arcos de desenvolvimento convincentes, que ilustram processos de amadurecimento e coragem. É satisfatório acompanhá-las vencendo o medo e a ansiedade.

A ambientação é outro ponto de destaque. João Pessoa é apresentada em sua dimensão urbana, mas sem perder as referências culturais que marcam a Paraíba, como os dinossauros de Sousa e a tradicional Festa do Bode Rei, em Cabaceiras. Além disso, situações cotidianas, como ônibus lotados ou o uso de motos por aplicativo, reforçam o vínculo da narrativa com a realidade local.

Apesar de não escapar de alguns clichês do gênero, Desempregadas se consolida como uma produção relevante por sua originalidade temática e pelo esforço em valorizar a identidade regional. O longa demonstra a força criativa do audiovisual paraibano, que, mesmo diante da escassez de investimentos, consegue entregar uma obra envolvente, capaz de equilibrar humor, emoção e crítica social.

No conjunto, Desempregadas é mais do que um exercício de entretenimento: é uma afirmação de que a produção cultural da Paraíba tem maturidade e fôlego para se projetar em cenários maiores, desde que encontre o suporte necessário para isso.

Segundo o diretor, a série será lançada inicialmente em festivais de cinema.