SILVIO OSIAS
Diane Keaton fez o seu melhor filmada por Coppola e Woody Allen
A atriz morreu no sábado, 11 de outubro de 2025, aos 79 anos.
Publicado em 13/10/2025 às 7:14

Woody Allen, que vai fazer 90 anos em novembro, teve relacionamentos com as suas duas grandes musas. Com Mia Farrow, foi casado. De Diane Keaton, foi namorado.
Diane Keaton, nascida Diane Hall em cinco de janeiro de 1946, morreu neste sábado, 11 de outubro de 2025. A atriz californiana estava com 79 anos.
Na história do cinema, o nome dela está para sempre associado a dois cineastas por quem foi várias vezes dirigida: Woody Allen e Francis Ford Coppola.
Antes de ser dirigida por Allen, Diane contracenou com ele em Sonhos de Um Sedutor (1972). O roteiro é de Woody Allen, o filme parece com suas comédias, mas a direção é de Herbert Ross. Sonhos de um Sedutor brinca com o clássico Casablanca.
Sob Allen, Diane Keaton está em O Dorminhoco (1973) e em A Última Noite de Boris Grushenko (1975), mas o primeiro grande momento dos dois (e, talvez, o maior) veio em 1977, com Annie Hall - no Brasil, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa.
Annie Hall é o filme que define o estilo de Woody Allen, o que melhor expõe a sua assinatura. Levou o Oscar principal em 1978, e Diane ficou com o de Melhor Atriz.

Manhattan (1979) é outro momento extraordinário da parceria de Allen com Diane. Uma explícita declaração de amor a Nova York filmada em preto e branco e em esplendoroso cinemascope, com música de Gershwin, o mais novaiorquino dos compositores.
Mas 1979 não é só o ano de Manhattan. É também o ano do menos lembrado À Procura de Mr. Goodbar, em que Diane Keaton está sob a direção de Richard Brooks.
Temos Diane Keaton dirigida por Woody Allen e temos Diane Keaton dirigida por Francis Ford Coppola. Com eles, fez o seu melhor, a eles, deu o seu melhor.

Francis Ford Coppola dirigiu Diane Keaton em O Poderoso Chefão (1972), O Poderoso Chefão 2 (1974) e O Poderoso Chefão 3 (1990).
Na trilogia sobre a família Corleone, ela é Kay, namorada, mulher e ex-mulher de Michael Corleone. Tinha 26 anos em 1972, 28 anos em 1974 e 44 anos em 1990.
No primeiro filme, ela vê Michael Corleone (Al Pacino) trocar o projeto de bom moço com que o pai sonhava para ele pelos negócios ilícitos da família de mafiosos.
No segundo filme, o casamento de Michael e Kay está em frangalhos. E no terceiro, já separados, eles se reencontram para o desfecho trágico e operístico da trilogia.
Diane Keaton tinha talento e estilo. Usando roupas de homem, como a vemos com Woody Allen em Annie Hall, influenciou a moda feminina nos anos 1970.
Ao ser homenageada pelo American Film Institute, Diane Keaton ouviu de Woody Allen que a beleza dela não era convencional, não era agradável aos olhos, e que ela se vestia como homem para esconder a sua sexualidade. Mesmo assim, era uma bela garota.
Sim, Diane era uma bela garota no primeiro Godfather, acreditando que Michael, que acabara de voltar da guerra, não se envolveria com as ilicitudes da sua família.
Sim, e Diane era uma bela mulher madura no terceiro Godfather, no doloroso reencontro com o amor da juventude há muito guardado na sua memória afetiva.
A fala de Woody Allen na festa do AFI roça o politicamente incorreto. Mas, por trás do humor corrosivo e talvez impróprio, há o tocante e verdadeiro reconhecimento de que ele deve a ela muito do que conquistou na sua vida de grande realizador de cinema.
Diane Keaton foi namorada de Al Pacino e de Warren Beatty. Por Beatty, foi dirigida e com ele atuou em Reds (1981). Keaton era Louise, a companheira feminista de John Reed, que contou a história da Revolução Russa no livro 10 Dias que Abalaram o Mundo.
Se pensarmos no cinema dos anos 1970, Diane Keaton é uma das atrizes mais marcantes daquela década tão importante para a produção estadunidense. E ela também cantava. Podia não ser grande cantora, mas havia uma singular expressividade na sua voz.
Que tal rever a trilogia do Poderoso Chefão? Que tal rever Annie Hall e Manhattan? Com esses filmes, Diane Keaton conquistou um lugar especial no coração dos cinéfilos.
Comentários