ECONOMIA
Desemprego sobe e atinge profissional com nível superior na PB
Ter um diploma da Universidade não é mais garantia de vaga no mercado de trabalho. Economia desaquecida provoca queda de 34% na oferta de vagas no Estado.
Publicado em 29/06/2015 às 11:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 15:12
Idade: 43 anos; formação: superior completo e cursos extras de técnicos de administração, técnicas em vendas e informática básica. Este é um resumo do currículo de João Batista da Cunha, que há 29 anos entrou no mercado de trabalho paraibano e acumula experiência em cargos na indústria, no comércio e em setor de finanças, há dois meses entrou na lista dos desocupados. João, que tem curso superior em Filosofia e Teologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é um dos mais de 5.000 paraibanos que buscam uma das vagas oferecidas pelo Sine-PB, no entanto a espera na fila está mais longa e a chance de sair ainda mais desafiadora.
O motivo é que, com a economia em retração, o número de oferta de emprego já caiu mais de um terço nos cinco primeiros meses deste ano no órgão estadual, comparado ao ano passado, enquanto o número de candidatos aumentou cerca de 15% no mesmo período. Com isso, a conta não fecha e inevitavelmente vai crescer a quantidade de pessoal desocupado, pelo menos enquanto a economia não retomar o crescimento.
De janeiro a maio do ano passado, o Sine-PB ofereceu 5.871 postos de trabalho e no mesmo período deste ano esta demanda caiu para 3.847, queda de 34,47%. Por outro lado, a quantidade de candidatos neste mesmo intervalo saltou de 13.467 inscritos em 2014 contra os 15.479 deste ano, expansão de 15%. E a maior demanda de desempregado é de jovens entre 18 anos e 24 anos, com segundo grau completo.
Apesar do perfil de João Batista não liderar a lista de pessoas sem emprego no Estado, profissionais ligados ao setor dizem que é visível o maior número de desligamentos de trabalhadores com características semelhantes. “Independente de ter o ensino médio completo ou superior, quando o Brasil entra em crise, todos são afetados”, destacou a consultora de seleção de pessoal e psicóloga, Anna Carolina Nunes.
Não é a falta de experiência que marca a ficha de João Batista. Ao longo de sua vida profissional, atuou em nove empresas e mesmo assim está enfrentando dificuldade para encontrar uma nova colocação. “Este ano está mais difícil, o mercado está muito exigente e a concorrência grande. Se por um lado tenho muita experiência, há restrição com relação à minha idade”.
Separado da esposa e com dois filhos, um com 16 anos e outro com 11 anos, ele contou que só tem reserva para bancar suas obrigações financeiras até o mês de dezembro. “Por enquanto estou conseguindo pagar as contas. Mas tenho que conseguir emprego até o final do ano”, frisou.
Conjuntura econômica
A articuladora empresarial do Sine-PB, Rita Rocha, afirmou que a queda na oferta de vagas e o aumento no número de inscritos no órgão reflete a conjuntura econômica atual. “Quem mais emprega no Estado são os setores de serviço, comércio e indústria. E esta queda na disponibilidade de vagas tem a ver com a crise que o país passa. Muita empresa está dispensando pessoal e deixando de repor esses empregados”.
O último emprego de João Batista foi em um shopping center de João Pessoa em que, segundo ele, centenas de pessoas foram demitidas desde o final do ano passado até este ano. “E eu entrei lista de corte”.
Comentários