CONVERSA POLÍTICA
TJPB mantém julgamento da norma que enfraquece ‘Lei do Gabarito’, mas autoriza Sinduscon na ação
Desembargador Carlos Beltrão reconhece representatividade do setor da construção civil, mas nega pedido de adiamento do julgamento.
Publicado em 14/10/2025 às 20:41

O desembargador Carlos Martins Beltrão Filho, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), atendeu o pedido do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP) para ingressar como parte na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pelo Ministério Público contra uma lei do município que flexibiliza a Lei do Gabarito.
No entanto, o magistrado negou o pedido de retirada do processo da pauta de julgamento, marcada para esta quarta-feira (15), na sessão do ÓrgãoEspecial do TJPB.
Sinduscon alerta para insegurança jurídica e impactos econômicos
O Sinduscon-JP havia solicitado seu ingresso na ação e o adiamento do julgamento, alegando que a judicialização do Plano Diretor gera insegurança jurídica e impactos econômicos imediatos.
Em seu pedido, o sindicato afirmou que o setor da construção civil, “motor da economia local”, trabalha com planejamentos de longo prazo e altos investimentos, que dependem de regras urbanísticas estáveis.
Segundo o documento, a eventual anulação da norma “paralisa decisões, adia lançamentos imobiliários e afugenta investidores, afetando toda a cadeia produtiva, desde fornecedores até a mão de obra local”.
O sindicato também destacou os reflexos no turismo e na hotelaria, com taxas de ocupação que chegam a 90% na alta temporada, e defendeu que o adiamento permitiria uma “análise mais robusta e consensual dos interesses envolvidos”.
Desembargador reconhece relevância e representatividade
Ao analisar o pedido, o desembargador Carlos Beltrão reconheceu que o tema tem “relevância e especificidade técnica”, pois afeta o desenvolvimento urbano, ambiental e econômico da capital paraibana.
Segundo ele, o Sinduscon possui inequívoca representatividade para atuar como amicus curiae, por congregar os interesses de um setor “diretamente afetado pela disciplina normativa impugnada”, especialmente nas regras de uso e ocupação do solo urbano e nos parâmetros urbanísticos da orla marítima.
O magistrado ressaltou ainda que a participação do sindicato “tem potencial para agregar subsídios técnicos e econômicos relevantes à apreciação da causa”, contribuindo para “uma compreensão mais ampla e plural dos interesses envolvidos na controvérsia constitucional”.
Pedido de adiamento negado: “Momento processual inadequado”
Apesar de admitir o sindicato no processo, o relator indeferiu o pedido de retirada de pauta, por entender que foi feito “na véspera da sessão de julgamento”.
Beltrão justificou que o processo “aguarda julgamento há meses” e envolve “questão de manifesta urgência e relevância social”.
“Não se mostra razoável que um pedido formulado na véspera do julgamento, sem a devida manifestação das partes, acarrete automaticamente a retirada de pauta”, escreveu o desembargador no despacho.
Ele reforçou que os autos “encontram-se suficientemente instruídos, com pareceres técnicos, manifestações das partes e documentos pertinentes à matéria controvertida”, o que garante a maturidade do processo para deliberação.
Julgamento mantido na pauta
Com a decisão, o julgamento da ADI — que questiona principalmente as alturas máximas de edificações nas Zonas Especiais de Proteção Ambiental (ZEPA) da orla marítima — segue confirmado para esta quarta-feira (15).
O desembargador determinou que “mantenha-se o processo em pauta”, e que cópias do despacho sirvam para as devidas intimações e comunicações necessárias.
Contexto da ação
A Lei Complementar nº 166/2024, alvo da ação, foi aprovada pela Câmara Municipal de João Pessoa e sancionada pelo Executivo para redefinir diretrizes de crescimento urbano, parâmetros de construção e proteção ambiental.
A 1ª Subprocuradoria-Geral de Justiça questiona pontos do texto que, segundo o Ministério Público, contrariam normas constitucionais sobre proteção ambiental e planejamento urbano.
O julgamento da ação promete definir os limites de expansão e verticalização da orla da capital, tema que mobiliza setores empresariais, ambientalistas e urbanistas.
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