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SILVIO OSIAS

A noite em que um gigante do jazz tocou em João Pessoa

O baterista Jack DeJohnette morreu aos 83 anos anos no domingo, 26 de outubro de 2025.

Publicado em 30/10/2025 às 8:00 | Atualizado em 02/11/2025 às 17:19


				
					A noite em que um gigante do jazz tocou em João Pessoa
Foto/Reprodução.

Teatro Paulo Pontes, João Pessoa, uma noite no início da década de 1990. Mesmo com entrada gratuita, o público não chegou a ocupar nem metade das cadeiras. Não havia iluminação especial, e as luzes da plateia permaneceram acesas o tempo todo.

A estrela da noite, um homem com uns 50 anos, entrou no palco calçando chinelo e vestindo bermuda e camiseta. Numa das mãos, carregava as baquetas da bateria.

Havia um pianista e um percussionista com ele. O piano ficava do lado esquerdo. A bateria, do lado direito. Não era uma formação usual, mas foi assim naquela noite.

Os três músicos executaram um tema e, sobre ele, fizeram longas improvisações. Tocaram somente uma música, e esta se estendeu por uns 50, 55 minutos.

Era free o que eles produziam. Puro free jazz. Música complexa e pouco acessível, que soava atraente apenas para os aficcionados, os degustadores do jazz.

Era a grande música inventada pelos pretos americanos, vista e ouvida ao vivo em uma de suas vertentes. O jazz - a mais rica de todas as expressões da música popular.

Quando terminou a performance, o baterista perguntou se alguém podia atuar como intérprete, papel prontamente assumido pelo paraibano Radegundis Feitosa.

Trombonista, professor de música, Radegundis Feitosa tinha total domínio do inglês porque estudara e saíra doutor da Julliard School, em Nova York.

O baterista que estava diante de nós era Jack DeJohnette, um gigante do jazz, nascido em Chicago em 1942. DeJohnette morreu no domingo, 26 de outubro de 2025.

Gene Krupa, Art Blakey, Max Roach, Buddy Rich, Tony Williams. Eles são mencionados quando se pensa nos grandes bateristas do jazz. DeJohnette tinha a estatura deles.

Terminada a conversa do músico com a plateia, as pessoas subiram no palco para falar com DeJohnette. Subi também e, incrédulo, fiquei contemplando o cara.

Quem estava ali, no palco do nosso Teatro Paulo Pontes, já era, àquela altura, uma verdadeira lenda do jazz. Basta dizer que atuara como baterista de Miles Davis.

Jack DeJohnette, quando ainda não tinha 30 anos, foi o baterista de Miles Davis nas sessões do Bitches Brew. O álbum, gravado em 1969, foi lançado em 1970.

Bitches Brew não é só um dos muitos discos de Miles Davis. É, simplesmente, o álbum no qual Davis inventou algo que ficou conhecido como jazz-rock, ou fusion.

Ser lembrado como o baterista das sessões do Bitches Brew já é muito, mas DeJohnette também dividiu estúdios e palcos com alguns dos mais importantes nomes do jazz.

Gostava de música brasileira. Tocou com Airto Moreira e Eliane Elias. E está na suíte jazzística de Double Rainbow, que o saxofonista Joe Henderson fez para Tom Jobim.

Nos últimos anos, tenho voltado a Jack DeJohnette num trio que considero muito especial. Keith Jarrett ao piano, Gary Peacock no contrabaixo, DeJohnette na bateria.

Em álbuns do selo norueguês ECM, eles se debruçam sobre standards da música dos Estados Unidos. Peacock morreu em 2020. Agora, DeJohnette. Jarrett está vivo, tem 80 anos, mas os problemas de saúde impedem que volte a tocar seu piano.

Foto/Reprodução

Silvio Osias

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