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Impedimento semiautomático chega ao Brasil em 2026: entenda como funciona a nova tecnologia
Com câmeras de alta velocidade e IA, sistema promete decisões mais rápidas e precisas.
Publicado em 11/11/2025 às 7:49
O futebol brasileiro passará por uma nova transformação tecnológica em 2026. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou a adoção do impedimento semiautomático a partir da primeira rodada da Série A do Campeonato Brasileiro do próximo ano, marcada para o dia 28 de janeiro. O anúncio foi feito durante o 1º Grupo de Trabalho de Arbitragem, realizado na sede da entidade, no Rio de Janeiro.

A novidade faz parte de um pacote de medidas que a CBF tem implementado para aprimorar a transparência e a padronização da arbitragem nacional, em alinhamento com as diretrizes da FIFA e da IFAB, que já utilizam o sistema em competições internacionais. De acordo com a confederação, o objetivo é tornar as decisões do VAR mais rápidas e consistentes, reduzindo erros humanos e o tempo de paralisação do jogo. A tecnologia será fornecida pela Genius Sports, empresa britânica que opera o sistema na Premier League, além das ligas da Bélgica e do México.
— Temos uma das competições mais difíceis do mundo. São dez meses, mais de 30 árbitros, e uniformizar critérios é quase impossível quando falamos de seres humanos. O impedimento semiautomático é um passo importante para aproximar decisões e garantir mais consistência — afirmou Rodrigo Cintra, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.
O sistema combina câmeras de alta velocidade com inteligência artificial. No caso da Premier League, são cerca de 30 iPhones 16 Pro instalados ao redor do estádio. Os aparelhos telefônicos, por sinal, devem ser atualizados para o iPhone 17 Pro quando a tecnologia for implantada no Brasil. Os aparelhos registram as partidas em 4K a 100 frames por segundo, criando uma réplica digital em 3D de todo o jogo.

Essas câmeras captam a posição de todos os jogadores em campo e da bola, permitindo que o software identifique automaticamente o momento exato do passe e a posição de cada atleta. O sistema calcula se o atacante estava à frente do penúltimo defensor no instante do toque, e o árbitro de vídeo (VAR) valida a decisão antes de comunicar o árbitro de campo.
— Acho que a maior vantagem é restaurar o fluxo natural da informação: a bola entra, uma decisão é feita, o VAR confirma e o árbitro anuncia. Nosso sistema tenta devolver essa sequência natural ao jogo, com decisões mais rápidas e confiáveis — explicou Harry Lennard, diretor de arbitragem da Genius Sports e ex-assistente da Premier League.
O sistema é chamado de "semiautomático" porque, apesar de realizar o cálculo e gerar a linha de impedimento automaticamente, a decisão final ainda depende da validação humana. A checagem, que antes podia levar vários minutos, deve durar pouco mais de um minuto.

Na Premier League, esse tempo é quase o mesmo que os jogadores levam para comemorar um gol e retornar ao meio-campo. Além de maior agilidade, o sistema promete precisão próxima do total. Segundo Harry Lennard, a taxa de acerto é de 97,8%, o que reduz a necessidade de ajustes manuais nos lances duvidosos.
— A cada fim de semana, na Premier League, há cerca de 250 impedimentos. O sistema, sozinho, tem quase 98% de acerto. Em um fim de semana recente, ele foi usado em cinco decisões, e só em uma tivemos que ajustar o ponto do toque na bola por dois frames — contou Harry Lennard.
A CBF começou a testar o sistema em estádios brasileiros ainda em 2025, com a instalação de cerca de 30 câmeras para avaliar a captação de imagens e o funcionamento do software. Segundo a entidade, os resultados foram positivos, e a implementação completa será feita nas arenas da Série A durante a pré-temporada.
— Precisamos de cerca de dois dias para instalar os equipamentos nos estádios. Não há um local em que a gente não tenha conseguido. Às vezes é preciso ser criativo, mas a qualidade não é afetada — disse Harry Lennard, em entrevista ao ge.
A escolha da Genius Sports é resultado de meses de negociações. Desde agosto, Rodrigo Cintra tem mantido contato com representantes da empresa, e em outubro viajou a Londres para acompanhar o funcionamento da estrutura usada na Premier League. A expectativa é que o contrato seja oficializado até o fim do ano. O sistema também terá papel educativo. As imagens em 3D geradas durante os jogos poderão ser utilizadas em treinamentos dos árbitros e assistentes. Com elas, será possível analisar posicionamentos, decisões e o comportamento em diferentes situações de impedimento.
Com a estreia marcada para janeiro, o impedimento semiautomático se tornará uma das principais mudanças tecnológicas do futebol brasileiro na última década. A expectativa da CBF é que a novidade traga mais confiança e uniformidade às decisões, em um campeonato cada vez mais equilibrado e monitorado.
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