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Alta estação eleva pressão ambiental: produção de lixo cresce 30% com avanço do turismo na PB

No verão, a coleta diária ultrapassa 1,3 mil toneladas de resíduos, 300 toneladas a mais do que em períodos comuns.

Publicado em 17/11/2025 às 19:27

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					Alta estação eleva pressão ambiental: produção de lixo cresce 30% com avanço do turismo na PB
Forró no Centro Histórico acontece nesta sexta-feira, em João Pessoa.. Foto: Divulgação

O turismo vem impulsionando a economia paraibana, gerando renda, ampliando oportunidades e movimentando toda a cadeia de serviços. Mas esse avanço traz também desafios significativos: o impacto sobre áreas naturais, a pressão sobre o consumo de água e energia e, sobretudo, o aumento da geração de resíduos. Em janeiro de 2025, por exemplo, o Aeroporto Internacional Castro Pinto recebeu 181.402 passageiros, número 4,68% superior ao registrado no mesmo mês do ano anterior, revelando a intensidade desse fluxo.

Encanta quem chega, mas transforma a dinâmica de quem vive aqui. Entre os efeitos mais visíveis, o lixo aparece como um dos principais obstáculos para um desenvolvimento turístico sustentável.

Dados da Emlur, obtidos pelo Núcleo de Dados da Rede Paraíba de Comunicação, mostram que, durante a alta estação, especialmente janeiro e fevereiro, o volume de resíduos cresce cerca de 30%. Se em dias comuns a cidade produz mil toneladas de lixo, no verão esse número chega a 1,3 mil toneladas por dia. Desse total, 433 toneladas correspondem a descartes irregulares, um problema que onera o serviço público e amplia danos ambientais.

Segundo o superintendente da Emlur, Ricardo Veloso, a colaboração com o setor de hospedagem, bares e restaurantes tem sido fundamental para ordenar o descarte. Ele destaca ações como a separação de resíduos orgânicos e recicláveis e a adequação dos horários de despejo. “São iniciativas que ampliam a coleta seletiva e fortalecem a gestão ambiental na cidade”, afirma.


				
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lixo na praia de tambaú praia suja (Foto: Francisco França/Arquivo)

O estado também vive um momento importante de reconhecimento turístico: 80 municípios foram incluídos no Mapa do Turismo Brasileiro, ferramenta do Ministério do Turismo. Além de abrir portas para investimentos, esse avanço reforça a necessidade de práticas comprometidas com a sustentabilidade.

Em Pitanga da Estrada, distrito de Mamanguape, há iniciativas que já trilham esse caminho. No Pesque e Pague Paraíso Verde Meu Xodó, a proprietária Rúbia Rezende conduz o empreendimento com foco na preservação. “Tudo o que a gente tem, a gente precisa preservar. Plantamos nosso próprio capim, reaproveitamos esterco para adubação, cuidamos das fruteiras”, conta.

O espaço também prioriza a vegetação nativa, o uso responsável do rio e o trabalho comunitário. Para Emanuelle Ribeiro, garçonete do local, a vivência no ambiente natural transforma visitantes, sobretudo crianças. “Tem criança que nunca viu uma galinha fora da tela. Preservar a natureza também é ensinar que existem animais reais”, comenta.


				
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Pesque e Pague Paraíso Verde Meu Xodó, em Pitanga da Estrada, na Paraíba. Foto: Mayara Medeiros

Esses destinos reforçam o potencial do ecoturismo, segmento que se apoia no uso responsável dos patrimônios natural e cultural. Em João Pessoa, porém, a procura por esse tipo de turismo ainda não aparece nas estatísticas oficiais, segundo a Secretaria de Turismo da capital. Na orla, por outro lado, a ocupação hoteleira segue aquecida: são cerca de 13 mil leitos, com média de 90% de ocupação até o Carnaval de 2026. A alta movimentação exige que hotéis, bares e restaurantes se adaptem a práticas ambientais mais eficientes, conforme destaca o secretário-executivo Daniel Rodrigues. “Trabalhamos com o setor para incentivar o aproveitamento de água e o uso de energia solar”, afirma.

Na área urbana, iniciativas como o Bosque das Nascentes, um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica próximos ao Centro, reforçam a importância da conservação. Junto ao Instituto Lixo Zero, voluntários, poder público e turistas que buscam trilhas ecológicas atuam no combate ao descarte irregular na região.

Esse tipo de iniciativa vai na contramão do chamado “turismo de massa”, como explica Denise Gadelha, professora de Turismo e Hotelaria da UFPB e especialista em desenvolvimento e meio ambiente. Para ela, quando o fluxo cresce sem planejamento, os impactos são inevitáveis. “O turismo de massa tende a ser predatório, porque os recursos não são infinitos. Muita gente não percebe, mas o efeito acontece, mesmo sem intenção. É urgente adotar práticas mais conscientes”, avalia.


				
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Professora de turismo e hotelaria da UFPB, especialista em desenvolvimento e meio ambiente, Denise Gadelha. Foto: Mayara Medeiros

O movimento turístico na Paraíba segue em ascensão. Em 2024, o estado registrou 339 mil viagens domésticas, aumento de 7,3% em relação ao ano anterior, segundo a Pnad do IBGE. E a tendência se mantém: até maio de 2025, o número de turistas estrangeiros no estado cresceu 22,3%.

Com a expansão contínua do setor, caberá aos municípios organizar o fluxo de visitantes, ampliar áreas de preservação, garantir mobilidade eficiente e fortalecer políticas de resíduos, sempre com a participação das comunidades. Desafios que, na visão da professora Denise Gadelha, ainda podem ser enfrentados a tempo. “Eu acredito que ainda dá para fazermos melhor, para todos nós”, conclui.

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Jornal da Paraíba

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