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SILVIO OSIAS

Jair Bolsonaro preso é uma grande lição de democracia

Execução da pena por tentativa de golpe começou nesta terça-feira, 25 de novembro de 2025.

Publicado em 26/11/2025 às 6:16


				
					Jair Bolsonaro preso é uma grande lição de democracia
Foto/Reprodução.

Em outubro de 1992, o senador paraibano Antônio Mariz me disse: "O Brasil vive o instante trágico do afastamento de um presidente". Mariz acabara de ser escolhido relator, no Senado, do processo de impeachment do presidente Fernando Collor.

O suicídio de Getúlio Vargas em 1954. A renúncia de Jânio Quadros em 1961. A deposição de João Goulart em 1964. O impeachment de Fernando Collor em 1992. O impeachment de Dilma Rousseff em 2016. A prisão de Lula em 2018.

Não importam as opiniões sobre cada um desses episódios. Não importa de que lado as pessoas estão. Basta reconhecer que todos eles são tragédias brasileiras e provas incontestes do quão tortuosos são os caminhos percorridos pela nossa República.

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de estado é mais uma dessas tragédias políticas brasileiras. A confirmar a vocação golpista das Forças Armadas e os riscos aos quais a nossa democracia está exposta.

Ao mesmo tempo, a pena imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro traz, com seu caráter pedagógico, uma importantíssima lição de democracia que faz dessa terça-feira, 25 de novembro de 2025, um dia realmente histórico para nós, brasileiros.

A trajetória de Bolsonaro é uma afronta permanente à vida democrática e aos valores civilizatórios. Como militar, planejou atos terroristas. Como deputado, defendeu a tortura, atacou a democracia e se projetou com opiniões racistas, homofóbicas e misóginas.

Como presidente, Bolsonaro se posicionou ao lado da morte, e não da vida, num momento em que uma pandemia matava mais de 700 mil brasileiros. E agiu contra os poderes da República, não escondendo o seu desejo de se perpetuar no governo.

A condenação de um ex-presidente a 27 anos de prisão é uma tragédia política, mas é preciso ter em mente que esse ex-presidente é merecedor da pena que, agora, começa a cumprir. Bolsonaro fez tudo errado, pavimentando o caminho que o levou à prisão.

"Canalha" era como Jair Bolsonaro chamava o ministro Alexandre de Moraes. "Nunca serei preso" foi como ele bradou para a multidão na Avenida Paulista. Ironicamente, é Alexandre de Moraes que, hoje, determina a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A arrogância de Jair Bolsonaro não é defeito exclusivo dele. É um traço marcante entre nossos políticos. É como se (quase) todos tivessem a crença de que nunca serão punidos pela lei, de que jamais enfrentarão uma condenação em regime fechado.

A lição de democracia que há na condenação de Bolsonaro é essa: um ex-presidente da República não pode tentar um golpe de estado. Se tentar, pagará caro por isso.

A outra grande lição é que, junto com Jair Bolsonaro, militares de alta patente também foram condenados e estão presos. Três generais e um almirante na prisão por tramarem contra a democracia é histórico porque está ocorrendo pela primeira vez no Brasil que nunca puniu militares que atentaram contra o estado democrático de direito.

Que lições os golpistas tirarão desse episódio? Não os que já estão encarcerados, mas os muitos que ainda seguem sonhando com a ruptura do estado democrático de direito.

Bom que Bolsonaro foi preso em módicas prestações. As medidas cautelares, incluindo o uso da tornozeleira eletrônica. A prisão domiciliar pela desobediência às cautelares. E, sábado passado, a preventiva por causa da tentativa de danificar a tornozeleira.

Por estratégia do STF ou por mera coincidência, o fato é que os aliados do ex-presidente foram se acostumando com a ideia de que ele não escaparia da prisão. Por isso, não houve surpresa nessa terça-feira (25) nem comoção entre os seguidores de Bolsonaro.

Jair Bolsonaro acabou. Está preso. O bolsonarismo não acabou. Ainda vai dar muito trabalho à democracia brasileira. Assim é o Brasil e seus impasses. Vida que segue.

Foto/Reprodução

Silvio Osias

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