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“Obras Inacabadas” mostra os prejuízos de unidades de saúde paradas em Bayeux e Santa Rita

Na primeira reportagem da nova temporada, a série mostra a realidade de moradores do Conjunto Mariz e do Bairro Marcos Moura.

Publicado em 09/12/2025 às 19:19

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Em julho de 2023, a primeira temporada da série Obras Inacabadas expôs a dimensão do problema das construções paralisadas na Paraíba, com base em dados de órgãos de fiscalização.

Meses depois, as denúncias do público levaram à produção de uma segunda temporada.

Agora, em 2025, a equipe voltou à estrada: o repórter Laerte Cerqueira e o cinegrafista Beto Silva percorreram 11 cidades e visitaram 14 obras, do Sertão ao Litoral, para mostrar por que os projetos pararam, os prejuízos sociais e financeiros e para cobrar soluções dos gestores públicos.

Na primeira reportagem da nova temporada, a série mostra a realidade de moradores do bairro Marcos Moura, em Santa Rita, que aguardam há mais de uma década a conclusão de uma unidade de saúde. Em Bayeux, moradores do conjunto Mariz também convivem com o abandono de outra UBS.

Bayeux: obra paga, pouco executada e muito abandonada


				
					“Obras Inacabadas” mostra os prejuízos de unidades de saúde paradas em Bayeux e Santa Rita
Reprodução/TV Cabo Branco

No conjunto Mariz, em Bayeux, o sentimento predominante é de frustração. Entre muros sem portas, paredes depredadas e fios arrancados, muitos moradores expressam indignação com o abandono.

“Eu não sei como não invadiram. Um negócio abandonado desse não tem lógica”, afirma o aposentado Edvan Andrade Pontes.

“Você vê assim algo que trouxe tanta esperança aqui para o Mariz. Você vê assim abandonado”, lamenta Jorlane da Luz, dona de casa.

A revolta também aparece no relato de José Judemar Melo, servente: “A gente fica revoltado com uma obra grande dessa. Muito dinheiro investido... ia servir muito à população. Tá jogado às traças e daqui uns dias a população leva”.

A UBS começou a ser construída em 2020, com entrega prevista para 2023. No entanto, somente 71% da obra foi executada, apesar de os R$ 743 mil previstos terem sido pagos integralmente.

A atual gestão, que já recebeu a obra parada, não explicou a diferença entre o valor gasto e o que foi realmente entregue.

Sem atendimento próximo, sobra deslocamento. “A gente precisa ir para um postinho que tem no Mário Andreazza ou no Comercial Norte... entre 20 ou meia hora a pé”, explica Jorlane.

O abandono é visível também na estrutura. “Tá escorado, entregue às baratas, faltando só as janelas... Dá um desgosto porque já tava quase tudo pronto, né? Tava faltando apenas colocar os gessos, trazer os médicos. Saíram arrancando os fios”, descreve José Judemar, enquanto mostra o interior do prédio.

Entre os documentos largados no chão, estão projetos arquitetônicos completos da unidade, um contraste doloroso para quem depende do serviço.

Cadeirante e moradora da região, Giserlane Cristina reforça: “Tem que estar tudo aberto. Ter médico, dentista. Levaram até as portas. Tem que ter atendimento”.


				
					“Obras Inacabadas” mostra os prejuízos de unidades de saúde paradas em Bayeux e Santa Rita
Reprodução/TV Cabo Branco

A tia dela, Maria José Xavier, destaca a urgência: “Eu queria que esse posto fosse aberto. Porque tenho meu marido que é deficiente, minha sobrinha. Eu tenho fibromialgia... a gente precisa de imediato”.

A Paraíba contabiliza hoje 138 obras da área de saúde paralisadas, entre UPAs, postos e academias. São R$ 26 milhões gastos em construções que nunca atenderam a população, de acordo com Tribunal de Contas da União. Todas são financiadas pelo governo federal, mas executadas pelas prefeituras. Com o novo programa de retomada de obras do Ministério da Saúde, 49 delas devem ser concluídas, exigindo ainda mais investimento público.

Santa Rita: comunidade espera há mais de dez anos


				
					“Obras Inacabadas” mostra os prejuízos de unidades de saúde paradas em Bayeux e Santa Rita
Reprodução/TV Cabo Branco

Em Santa Rita, quatro unidades básicas de saúde permanecem inacabadas: Usina Santana, Cidade Verde, Eitel Santiago e Marcos Moura I. Todas receberam parecer favorável para retomada.

Já a UBS de Odilândia e as academias de saúde das praças João Crisóstomo e Luciano Wanderlei ficaram de fora porque o município não apresentou a documentação necessária ao Ministério da Saúde.

O caso do bairro Marcos Moura já havia sido denunciado em 2023. Lá, a promessa de atendimento perto de casa nunca saiu do papel. Um morador recorda que, quando chegou à região, há mais de dez anos, a obra já estava parada: “Já tava feita. Abandonada”.

O convênio para a construção foi assinado em 2014, com conclusão prevista para 2018. Em 2025, o prédio permanece deteriorado, após ter sido invadido e desocupado, e hoje apresenta comprometimento estrutural. Dos R$ 408 mil previstos inicialmente, R$ 306 mil já foram gastos. Para finalizar a unidade, será necessário mais de R$ 1 milhão.

“Quando eu vejo uma obra abandonada assim... isso pra mim é um dinheiro jogado fora. Dinheiro que não tá vendo”, afirma o aposentado Marinésio Ferreira. Para ele, a solução é radical: “Acho que tem que fazer tudo de novo. O piso, a abertura...”.


				
					“Obras Inacabadas” mostra os prejuízos de unidades de saúde paradas em Bayeux e Santa Rita
Reprodução/TV Cabo Branco

A dona de casa Maria Aparecida sente na pele a falta do serviço: “Não é toda hora que a gente tem o dinheiro do Uber. E aqui, se adoecesse, tava em casa. Se funcionasse pra gente era uma maravilha. Ou não era?”.

O que dizem as prefeituras

A Prefeitura de Santa Rita informou que já iniciou o processo de seleção da empresa responsável pela conclusão da UBS de Marcos Moura. Disse ainda que a documentação das academias de saúde citadas está em nova análise pelo Ministério da Saúde e que essas obras devem ser retomadas. As demais unidades, segundo o secretário de Saúde, Luciano Alvino, já foram retomadas, e a UBS de Odilândia foi concluída com recursos próprios.

A Prefeitura de Bayeux afirmou que trabalha para regularizar a documentação do convênio com o Ministério da Saúde e avalia os danos causados pela paralisação da obra do conjunto Mariz. A gestão informou que a retomada deve acontecer com recursos próprios, mas o valor necessário ainda não foi definido.

  • UBS do Conjunto Mariz, em Bayeux
    UBS do Conjunto Mariz, em Bayeux | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Beto Silva
  • Conjunto Mariz, em Bayeux
    Conjunto Mariz, em Bayeux | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Beto Silva
  • UBS do Conjunto Mariz, em Bayeux
    UBS do Conjunto Mariz, em Bayeux | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Beto Silva
  • UBS Marcos Moura I, Santa Rita
    UBS Marcos Moura I, Santa Rita | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Beto Silva
  • UBS Marcos Moura I, Santa Rita
    UBS Marcos Moura I, Santa Rita | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Beto Silva
  • UBS Marcos Moura I, Santa Rita
    UBS Marcos Moura I, Santa Rita | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Beto Silva
  • Edvan Andrade Pontes, aposentado
    Edvan Andrade Pontes, aposentado | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Laerte Cerqueira
  • Jorlane da Luz, dona de casa
    Jorlane da Luz, dona de casa | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Laerte Cerqueira
  • Giserlane Cristina, aposentada
    Giserlane Cristina, aposentada | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Laerte Cerqueira
  • Maria José Xavier, dona de casa
    Maria José Xavier, dona de casa | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Laerte Cerqueira
  • Marinésio Fereira, aposentado
    Marinésio Fereira, aposentado | Foto: Jornal da Paraíba
  • Maria Aparecida, aposentada
    Maria Aparecida, aposentada | Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Laerte Cerqueira
Imagem ilustrativa da imagem “Obras Inacabadas” mostra os prejuízos de unidades de saúde paradas em Bayeux e Santa Rita

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

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