SAÚDE ALERTA
O perigo silencioso das viagens de avião
Quem corre mais risco em viagens de avião?
Publicado em 20/12/2025 às 5:52

Viajar de avião virou rotina para muita gente. Seja a trabalho, férias ou para visitar a família, o avião encurtou distâncias. Mas o que pouca gente percebe é que o corpo também faz uma viagem — e precisa se adaptar a um ambiente bem diferente do chão.
Dentro da cabine, o ar é mais rarefeito, a umidade é baixa e passamos horas sentados. Para a maioria das pessoas, isso não causa nenhum problema. Mas, em alguns casos, esses fatores aumentam o risco de complicações, principalmente a trombose venosa profunda.
Para se ter uma ideia, o risco de trombose pode dobrar em voos com mais de 4 horas de duração, especialmente quando há outros fatores associados. Ainda que o evento seja muito raro.
O que acontece com o corpo lá em cima?
Mesmo pressurizado, o avião não reproduz as condições do nível do mar. O organismo recebe um pouco menos de oxigênio, o ar é seco e o corpo perde mais líquido. Some a isso o tempo prolongado sentado, com pouca movimentação das pernas, e temos o cenário ideal para a circulação ficar mais lenta.
É por isso que muita gente chega ao destino com as pernas inchadas, sensação de cansaço ou dor leve. Na maioria das vezes, não é nada grave. O problema surge quando esses fatores se juntam a condições individuais.
Por que o risco de trombose aumenta no avião?
A trombose acontece quando o sangue circula devagar demais e acaba formando coágulos, geralmente nas veias das pernas. No voo, isso pode ocorrer por três motivos principais:
- Muito tempo parado, sem movimentar as pernas
- Desidratação, que deixa o sangue mais “espesso”
- Menor oxigenação, comum em grandes altitudes
Isoladamente, esses fatores raramente causam trombose. O risco aumenta quando a pessoa já tem alguma predisposição.
Por que a trombose pode ser tão grave?
O maior perigo da trombose não está apenas na perna. O risco real é quando parte do coágulo se solta e migra para os pulmões, causando uma embolia pulmonar — uma emergência médica que pode levar à falta de ar súbita, dor no peito, desmaios e até morte.
O problema é que, em muitos casos, a trombose começa de forma silenciosa. Por isso, inchaço em uma perna só, dor, calor local ou mudança de cor da pele não devem ser ignorados, especialmente após uma viagem longa.
Quem corre mais risco durante a viagem?
Alguns grupos precisam ficar mais atentos:
- Pessoas que já tiveram trombose ou embolia pulmonar
- Pacientes com câncer
- Quem fez cirurgia recente, principalmente nas pernas
- Gestantes e mulheres no pós-parto
- Usuários de anticoncepcionais hormonais
- Pessoas com obesidade, varizes importantes ou doenças da coagulação
- Idosos
- Passageiros em voos longos, acima de 4 a 6 horas
Importante dizer: ter fator de risco não significa que a pessoa não possa viajar, mas que deve viajar com mais cuidado.
Quem não deve viajar de avião de jeito nenhum?
Existem situações em que o voo pode ser perigoso e precisa ser adiado ou liberado pelo médico:
• Infarto recente ou insuficiência cardíaca descompensada
• Arritmias graves
• Derrame recente
• Pneumonia ativa ou doença respiratória descompensada
• Cirurgia recente, sem liberação médica
• Trombose ativa, ainda em tratamento inicial
• Infecção grave ou febre alta
Nesses casos, o risco não está na viagem em si, mas no que pode acontecer com o corpo durante o voo.
Como reduzir os riscos e viajar com mais segurança?
Algumas atitudes simples fazem muita diferença:
• Levantar e caminhar pelo corredor a cada 1 ou 2 horas
• Movimentar pés e tornozelos mesmo sentado
• Beber bastante água e evitar excesso de álcool
• Usar roupas confortáveis
• Em pessoas com risco maior, meias elásticas de compressão, com orientação médica
• Em casos específicos, o médico pode indicar medicação preventiva
Estudos mostram que apenas levantar e caminhar regularmente durante o voo já reduz de forma significativa o risco de trombose.
Para levar na bagagem
Viajar de avião é seguro para a maioria das pessoas. Mas entender como o corpo reage à altitude, ao tempo parado e à desidratação ajuda a prevenir problemas. Informação, movimento e hidratação são aliados simples — e eficazes — para chegar bem ao destino.
Na dúvida, especialmente em viagens longas ou se houver alguma doença prévia, conversar com o médico antes de embarcar é sempre a melhor escolha.

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