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POLÍTICA

Vestígios do nazismo na PB ainda persistem

 Após 70 anos da morte de Hitler, as controvérsias sobre a simpatia paraibana pelo 3º Reich

Publicado em 26/04/2015 às 13:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 12:31

Há 70 anos, o suicídio de Adolf Hitler colocava um ponto final na Segunda Guerra Mundial, que matou cerca de 60 milhões de pessoas entre soldados e civis. A ideologia nazista, formulada por Hitler e adotada pelo governo da Alemanha, foi uma das principais marcas do conflito e deixou vestígios que extrapolaram as barreiras da Europa, e desembarcaram até na Paraíba. A influência dos ideais nazistas chegou, inclusive, ao Palácio da Redenção, sede do Poder Executivo do Estado.

O terraço dos fundos do prédio abrigou durante quase 60 anos um piso de ladrilhos com, nada mais nada menos, suásticas idênticas às utilizadas por Hitler, na representação do Terceiro Reich nazista. O piso foi instalado durante o governo de Argemiro de Figueiredo (1935 - 1940). De acordo com o historiador José Octávio de Arruda e Melo, o responsável foi o engenheiro italiano Giovani Gióia, contratado para reformar o Palácio.

Segundo José Octávio, o engenheiro estaria impregnado por ideias nazistas, especialmente em razão da aliança da Alemanha nazista com a Itália fascista, representada pelo Pacto do Aço (firmado em 1939 pelos dois países em caso de ameaças internacionais). As cores dos ladrilhos, vermelho e verde, fariam, inclusive, uma menção à bandeira italiana. O que reforça a ideia de expansão da união entre os dois países. Outra versão - esta defendida pelo arquiteto Mário Di Lascio - apresenta a cruz gamada como mero elemento de decoração, a exemplo das gregas ensinadas em aulas de desenho. O piso de maiólica belga teria sido importado, inclusive, sem interferência do governador ou do engenheiro. Eles não teriam, sequer, escolhido as peças que seriam utilizadas na reforma do Palácio. Esta versão é contada no livro “Os Italianos na Paraíba – da Capital ao Interior”, de José Octávio.

Sob protestos do Conselho Estadual de Cultura, em 1995 o governador Antônio Mariz mandou substituir o piso polêmico. “Ele (o governador) estava sendo pressionado por um jornalista da época, que fez campanha pela retirada dos azulejos. Nós protestamos, afinal, na Alemanha, até os campos de concentração foram preservados. Não se pode destruir a história dessa forma”, defendeu o historiador José Octávio.

Marcas e polêmicas em Rio Tinto

Embora as suásticas passeassem pelos terraços do Palácio do governo estadual, nenhum símbolo ganhou mais fama na Paraíba do que o palacete da família Lundgren, construído nos anos 30, em Rio Tinto. Reza a lenda que a casa teria sido construída para receber Hitler depois que ele vencesse a guerra. A família, que tem origem sueca, nega esta versão. A casa teria o único objetivo de receber a família na passagem pela cidade, já que eles residiam oficialmente em Paulista (PE).

A igreja católica Santa Rita de Cássia, construída em 1942, também guarda símbolos associados aos ideais nazistas. A águia do Terceiro Reich estaria representada nas paredes da igreja de tijolo aparente, cuja arquitetura recebeu forte influência alemã. O desenho teria sido construído por pedreiros alemãs em apoio ao nazismo. Para o pesquisador Cássio Marques, tudo não passa de teoria da conspiração. “Rio Tinto não foi preparado para o nazismo ou para Hitler, como muitos gostam de acreditar. A águia representa o espírito santo e a harpa, que também tentam associar ao nazismo, faz menção ao coro da igreja”, defende o pesquisador. Apesar de ignorar os “símbolos nazistas”, Cássio não descarta a possibilidade dos Lundgrens alimentarem simpatia pelo nazismo. “Como eles eram germânicos, a simpatia podia ser natural", disse.

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Jornal da Paraíba

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