VIDA URBANA
Erva leva homem à presença de Deus, acreditam adeptos do Santo Daime
Chá é servido durante celebrações religiosas, que ocorrem em templos chamados de 'Casa de Oração'.
Publicado em 02/10/2011 às 17:08
Uma bebida feita à base de ervas que leva o homem à presença de Deus. Esta é a fé dos adeptos do Chá de Santo Daime. A religião surgiu na Região Norte do Brasil e possui três tradições. O Santo Daime, propriamente dito, foi criado no Acre. Perto dali, em Rondônia, a religião também começou a ser praticada, mas com denominação diferente: União do Vegetal. Em outras áreas da Amazônia, a prática é chamada de Barquinha.
O chá é servido durante celebrações religiosas, que ocorrem em templos chamados de 'Casa de Oração'. Eles ficam em locais mais afastados dos centros urbanos. Os praticantes escolhem áreas mais tranquilas, cercadas por vegetação e que tenham espaço para o cultivo das ervas usadas nos chás.
Em João Pessoa, há centros no bairro do Valentina Figueiredo e também nas praias de Coqueirinho e de Lucena e ainda nos municípios de Santa Rita e Campina Grande.
Os praticantes contam que o chá produz uma sensação de paz e bem-estar e promove um encontro com Deus. No entanto, pesquisadores contrários ao consumo alegam que a bebida produz efeitos alucinógenos.
O antropólogo e professor da Universidade Federal da Paraíba Estêvão Martins Palitot, faz uso do chá do Santo Daime há quatro anos. Ele iniciou o consumo no dia 4 de outubro de 2003, quando participou de um ritual de iniciação na religião.
O especialista defende a prática e afirma que o consumo da bebida é um direito assegurado por lei. “A Constituição garante a liberdade de expressão e esse uso é regulado por lei. As religiões não precisam ser escondidas e nem se propõem a isso. São apenas discretas. O debate deve ser público, equilibrado, consciente e esclarecedor”, afirma.
O professor explica que o chá tem a finalidade de promover uma comunhão com Deus. “Assim como católicos usam hóstia e vinho, usamos o chá para nos conectar com o plano divino", disse.
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