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CULTURA

Pelas frinchas da literatura

Escritora Dôra Limeira lança nesta quarta-feira (11) em João Pessoa o livro 'Cancioneiro do Loucos', no restaurante Picuí Gold.

Publicado em 11/12/2013 às 6:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 16:19

O conto é o buraco da fechadura por onde Dôra Limeira contempla, com prazer voyeurístico, as ‘criaturas esquecidas’ da literatura: “Personagem calado não existe. Na minha literatura, todos os personagens têm voz: do gay à menina gorda”, diz a autora que lança nesta quarta-feira, em João Pessoa, Cancioneiro dos Loucos (Ideia, 130 páginas, R$ 10,00), seu 5º livro de contos.

Com a propriedade de 75 anos muito bem vividos, a matrona artística do clã Limeira assina a coletânea hoje, às 20h, no restaurante Picuí Gold (no bairro dos Bancários). Patrocinado pelo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, o livro é uma reunião de narrativas breves em que Dôra não apenas dá voz a personagens periféricos como também empresta uma sensualidade bastante peculiar a esta voz.

“Escrever sobre erotismo é fácil, meu filho, falar é que são outros quinhentos”, brinca ao telefone, despistando o repórter do tema central de uma prosa que passa por obras como Preces e Orgasmos dos Desvalidos (2005), O Beijo de Deus (2007) e Os Gemidos da Rua (2009), todas eles de contos, todas eles inspirados por reuniões do Clube do Conto da Paraíba (Dôra é um dos membros fundadores).

“Eu só escrevo contos e, exceto o meu primeiro livro, Arquitetura de um Abandono (2003), todos foram frutos do Clube do Conto”, lembra a autora, que comemorou a entrega do Nobel deste ano a uma contista: a canadense Alice Munro. “Ela quebrou um tabu, um preconceito que existe contra os contistas. Até hoje eu só escuto dizer que contista não é escritor, é só contista. Aí vem a mulher, ganha o Nobel e mostra o outro lado da moeda”.
Como Munro, Dôra Limeira nasceu na década de 1930.

Graduada em História pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a pessoense ingressou tarde na literatura, retomando uma das poucas liberdades de uma educação rigidamente católica. Segundo ela, foram as redações dos colégios, a necessidade de colocar início, meio e fim em uma história, que moldaram sua escrita concisa, enxuta.

Uma escrita à serviço da observação de tipos pitorescos que transbordam nas páginas: “É o ser humano que me move a escrever”, sublinha. “Suas particularidades, os detalhes que eu pego e que parecem coisas simplórias, mas fazem parte da natureza humana”.

Ilustrados por Vant Vaz, os 37 contos de Cancioneiro dos Loucos estão distribuídos em duas partes. A primeira, 'Cantigas lacrimosas', traz histórias que partem de canções como ‘Trocando em miúdos’, de Chico Buarque, que Dôra subverteu aplicando o enredo do abandono à trajetória de um sujeito que, em vez de Pixinguinha e Neruda, cita Zezé di Camargo e Luciano e Paulo Coelho como “sobras de tudo o que chamam lar”.

“Eu não tenho preconceito com música brega”, diz Dôra Limeira, fechando a entrevista com uma frase iluminada: “Toda história tem um quê de música brega”.

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Jornal da Paraíba

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