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VIDA URBANA

População negra da PB é mais vítima de homicídio do que a branca

Violência contra essa parcela da população é tema da terceira matéria da série sobre racismo do JORNAL DA PARAÍBA.

Publicado em 23/03/2016 às 9:00

Em João Pessoa, a cada branco assassinado, morrem 29 negros. Na Paraíba, a taxa de homicídios de negros é de 60,5 para cada 100 mil negros, a terceira maior entre os estados do país. Quando o assunto é violência, a cor da pele se destaca. Segundo o Mapa da Violência 2012: a cor dos homicídios no Brasil, os índices da Paraíba, onde negros têm mais probabilidade de serem assassinados, são preocupantes. Ontem, o Atlas da Violência 2016 mostrou que a taxa de homicídios de negros é de 54 por 100 mil habitantes. No período de 2004 a 2014 a vitimização de negros aumentou 124,8% na Paraíba, segundo o estudo.

A problemática envolvendo negros e violência norteia a terceira reportagem da série sobre racismo publicada pelo JORNAL DA PARAÍBA em homenagem ao Dia Internacional contra a Discriminação Racial, comemorado na última segunda-feira. Ser jovem e negro na Paraíba representa um risco de 13,4 a mais de ser assassinado que um branco, segundo o estudo que traz o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial (IVJ 2014).

Embora os estudos sejam de anos anteriores, a realidade não é muito diferente nos dias de hoje, segundo a coordenadora da Bamidelê, Terlúcia Silva. Para ela, mata-se mais negros porque para eles as oportunidades de vida são escassas. “É a consequência de uma negação de direitos. O negro desde criança sofre preconceito, muitas vezes se revolta e acaba seduzido pelos tráfico de drogas. Depois acaba assassinado”, declarou.

Os números relembrados nesta reportagem são um retrato da discriminação racial tão evidente na sociedade, conforme avaliou Solange Rocha, coordenadora do Núcleo de Estudos de Pesquisas Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Temos avançado pouco na superação das desigualdades socioeconômicas e raciais. Historicamente a população negra é um grupo que tem sido excluído das políticas públicas. Essa discriminação gera pobreza e dificuldade do negro sair dessa situação”, pontuou.

Solange defendeu que a sociedade parte do princípio que não há desigualdade. No entanto, afirmou que há um racismo institucional e social difundido por essa mesma sociedade. “Também temos elites políticas que têm mantido uma má distribuição das riquezas nacionais, mantendo a cidadania da população negra em segundo plano”, frisou. Ela destacou as ações governamentais no sentido de minimizar as diferenças, as ações afirmativas, as quais, embora tenham uma boa intenção, não são suficientes. Para ela, a defesa da democracia é importante para não haver retrocesso na luta pela igualdade racial.

A coordenadora destacou ainda que 70% das pessoas pobres do Brasil são negras, assim como 80% dos analfabetos também são negros, o que expõe a segregação racial. “Se a gente considerar o número de jovens assassinados no país vai ver que cerca de 77% são negros. Isso sem falar na população carcerária do Brasil, em sua maioria formada por negros”, disse.

Solange Rocha disse ainda que há uma clara tentativa de criminalização dos negros no país e mais uma vez destacou que as políticas públicas são insuficientes. “Essa questão da violência é muito séria, atinge jovens, mulheres, homens e crianças negras”, disse a coordenadora do Neabi. O núcleo busca, a partir da educação, provocar a discussão e reflexão acerca das questões raciais. “Temos que pensar como podemos construir uma política de inclusão e outras relações raciais, nossa luta é permanente”, declarou.

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Jornal da Paraíba

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