CULTURA
Os olhos azuis se fecharam
Apontado como um dos grandes atores de sua geração, Peter O’Toole morreu neste último sábado (14) aos 81 anos.
Publicado em 17/12/2013 às 6:00
Os olhos azuis do ator Peter O’Toole cintilam na tela quando Lawrence da Arábia (1962) é projetado. O filme catapultou o ator ao estrelato, dando origem a uma carreira que rendeu oito indicações ao Oscar (mas ele só ganharia um prêmio honorário, em 2003) e chegou ao fim no último sábado, quando o ator foi declarado morto, aos 81 anos de idade.
Nas palavras do presidente da Irlanda, Michael Higgins, amigo pessoal do ator, Peter O’Toole foi “um gigante do palco e das telas”. O primeiro-ministro britânico David Cameron também lamentou a morte do intérprete do irlandês criado em Leeds, na Inglaterra, e afirmou que Lawrence da Arábia é um dos seus filmes prediletos.
O’Toole deixa aproximadamente 90 filmes e atuou em dezenas de peças teatrais. Seu papel mais famoso é o do Coronel Lawrence, militar inglês que liderou uma rebelião árabe contra os turcos durante a Primeira Guerra Mundial, retratado no épico do diretor David Lean, vencedor de sete dos dez prêmios Oscar para o qual estava indicado.
Mas O’Toole, apontado como um dos grandes atores de sua geração, se destacou também em outros filmes de sucesso, como O Último Imperador (1987), de Bernardo Bertolucci, e O Leão do Inverno (1968), no qual incorporou o rei Henrique II. Também foi Dom Quixote em O Homem de la Mancha (1972) e o imperador Tibério no drama erótico Calígula (1979).
Em 2007 emprestou sua voz ao crítico gastronômico Anton Ego na animação da Pixar Ratatouille (2007). Seu último grande papel, no entanto, foi o de Maurice na comédia Vênus, do diretor Roger Michell, lançada no ano anterior e que lhe valeu sua derradeira indicação ao Oscar.
Ator de formação clássica no teatro, se destacou em peças do compatriota Samuel Becket (1906-1989) - em Esperando Godt, interpretou um vagabundo angustiado - e Anton Tchekhov (1860-1904), no qual fez, segundo o The New York Times, um memorável personagem no papel principal de Tio Vânia.
Em 2012, O'Toole havia anunciado sua aposentadoria das telas e dos palcos. Mas deixa, pelo menos, uma produção inédita no cinema: Katherine de Alexandria, drama histórico do estreante Michael Redwood. "Dou à profissão um adeus sem lágrimas e profundamente grato”, declarou ao anunciar sua saída dos holofotes.
Ainda de acordo com o influente The New York Times, Peter O’Toole se entregou de coração ao que ele próprio chamou de “atuação virtuosa” que, para o jornal, às vezes era acusada de extremamente teatral e até mesmo afetada. “Sua compleição esguia e elástica; seus olhos; seu longo e proeminente queixo; seu charme sexual extremamente lânguido e as excêntricas piruetas e gritos de sua voz tendem a reforçar a impressão do seu poder e extravagância”, concluiu o jornal no obituário sobre o ator.
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