CULTURA
As despedidas ao mestre
Familiares e amigos se reúnem para prestar últimas homenagens. Governador decretou luto oficial de três dias pela morte do cineasta.
Publicado em 31/01/2012 às 6:30
Em uma sala ampla do Cemitério Parque das Acácias, coroas de flores e poltronas perfiladas aguardavam, na manhã de ontem, o caixão com o corpo do cineasta Linduarte Noronha (1930-2012).
As homenagens póstumas ainda não tinham começado, mas Dailva Macedo, amiga da família, era a primeira a assinar o livro de visitas próximo a um corredor apinhado de jornalistas.
"Linduarte não era só uma figura imponente no cinema, mas também na vida privada. Um homem caseiro e extremamente dedicado à família", dizia Dailva, enquanto Wills Leal, presidente da Academia Paraibana de Cinema, contava aos repórteres as histórias do 'gordo', apontando um Linduarte robusto em fotos de 1960, nos bastidores de Aruanda e em sua famosa estreia no saudoso Cine Rex.
"O clima é de consternação e tristeza. Estive ano passado com Linduarte e conversamos sobre a sua saúde. Ele vivia muito em casa, ouvindo música e fumando seu cachimbo. Mas se engana quem acha que ele era um diretor estagnado no seu tempo. Ele era um homem de formação cultural bastante sólida e ainda muito antenado", ressaltou Wills Leal.
O corpo de Linduarte chegou ao cemitério por volta do meio-dia, acompanhado de parte da família do cineasta.
Pai de cinco filhos, Linduarte deixou como viúva Luzia Ponce Leon Noronha, com quem era casado há cerca de 40 anos, de acordo com o filho do casal, Leonardo Noronha.
"Minha mãe está em casa, tentando lidar com a notícia", contou Leonardo. "O Brasil perdeu o Linduarte cineasta. Nós perdemos o Linduarte pai, marido, tio".
Paula de Oliveira, uma de suas duas filhas, também se pronunciou: "É um momento difícil para a família. Nós fizemos de tudo pela saúde dele, o possível e o impossível. A Paraíba perde um homem digno e eu perdi o melhor pai do mundo".
Batizado com o título de sua obra-prima, o Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, por meio de uma nota de pesar assinada por Lúcio Villar, celebrou a "militância" e a "generosidade" de Noronha.
No Twitter, o prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, declarou: "O Estado perde um dos ícones da cultura que mostrou a 7ª Arte da Paraíba ao Brasil".
Também pelo Twitter, o Governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, se pronunciou sobre a morte e no programa 'Fala Governador', decretou luto oficial de três dias no Estado.
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